Prefácio do livro Limiar entre o bem e o mal
"Se os fins justificam os meios, são os meios que definem o caráter"
Estou assistindo o seriado “Juiz do diabo”, uma trama bem elaborada que retrata o bem e o mal em cada um, não importa em que lado podem estar.
Ao analisar minha reação ao desenrolar da história, percebi que não sou tão ética como pensava que era. Quando vi o mal escancarado, queria eliminá-lo a que preço fosse.
Fiquei torcendo pela pessoa que tenta combater o mal com o mal, e só me dei conta de que estava aceitando meios antiéticos ou até criminosos quando alguém se suicida ao ser encurralado por ele.
Ouvi Wilson Gonzaga afirmar: “não se iludam, a simplicidade é o último grau de sofisticação.”
O problema é que a mente humana é mestra em complicar coisas simples para justificar o erro. Não se pode negociar com o mal ou racionalizá-lo, quer ele esteja no processo ou no resultado.
Há uma linha tênue entre o bem e o mal, e se não estivermos vigilantes, cairemos em desgraça e ainda apresentaremos justificativas para o erro.
Aceitar o uso de manipulação ou engodo para punir o corrupto é se tornar igualmente corrupto. Ninguém está além do bem e do mal.
Não é porque a impunidade existe para quem tem poder que se deve usar de meios inescrupulosos para derrubá-lo.
O ciclo vicioso da vingança com aparência de justiça é interminável e os atores do mal se revezam. Quanto maior for a vingança, mais cruel é a revanche.
A simplicidade mais sofisticada que posso exemplificar é o de Mahatma Gandhi, que combatia o mal com a não violência.
É claro que não me sinto tão evoluída para seguir seus princípios, o máximo que posso fazer é alimentar minha consciência com a não violência e a ética.
O meio que uso para isso é lembrar do princípio da inclusão: se o mal também reside em mim, não posso condenar aquele que dá vazão a ele, por ainda está num nível menor de imaturidade evolutiva.
Enquanto o mal é sofisticado, manipulador, intimidador e insidioso, o bem é a forma mais simples que uma mente evoluída pode ser .
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