Digressões 2
Uma vez me perguntaram: “já pensou que o que você acreditou sobre você fosse uma mentira que você não questionou?
Fiquei com aquilo fermentando em minha mente, ora aceitando a possiblidade de ser verdade, ora afastando a ideia por medo de ficar sem chão.
Concordo com Alexandre Godinho quando diz: “Compreender não é um momento de glória, não é como uma epifania barata, compreender às vezes é mais parecido com um soco no estômago.”
Senti o desfecho do soco só em ouvir. Isso fez diferença na forma alienada em que vivia, me convidou à lucidez. Nunca mais olhei, senti e pensei da mesma forma.
A historinha que contava para mim mesma era de que eu era uma vítima indefesa de algozes. Era uma justificativa perfeita para não assumir as rédeas da vida.
Outro soco no estômago foi quando ele disse: “a verdade não liberta de graça, ela exige o confronto daquilo que a gente prefere ignorar.”
Essa fala me chamou à responsabilidade de me questionar sobre o que não quero ver, aquilo que escondo, os pontos cegos de minha consciência.
Não posso culpar a criança que fui por se proteger daquilo que ela não tinha ainda maturidade mental e emocional para suportar.
Posso, sim, me responsabilizar por continuar contado essa historinha como se não houvesse alternativa.
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