Questão de sobrevivência
“Eu nasci para escrever, palavra é meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. Não sei por que foi essa que eu segui. Talvez porque as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto para escrever, o aprendizado é a própria vida.” Clarice Lispector
Ao contrário de Clarice Lispector, demorei demais para encontrar minha vocação. Andei perdida na vida porque não sabia amar, por não saber quem eu era, sem notar dos desvios que fiz do meu caminho.
Concordo com ela quando diz que o aprendizado para escrever é a própria vida. Não fora assim, não teria matéria prima para meus textos.
Pensando melhor, precisei de todo esse tempo para armazenar em mim conhecimentos que só as experiências de vida poderiam me dar.
Quando comecei a escrever, as palavras vinham como uma represa que rompia, nada nem ninguém poderia contê-las.
Agora a escrita é serena, não são mais águas do passado, mas o fio que escoa a cada dia.
O estado de presença antecede a ideia que surge. A mente fica seletiva, só revela o conteúdo que a urgência exige atenção no momento.
Enquanto escrevo, permito que as emoções fluam como sangue nas veias, é um processo natural quase involuntário como a respiração.
Escrever é minha salvação, me tira da ignorância de mim, me alivia da avalanche de pensamentos que me tomam a cada minuto.
É o repositório dos sentimentos confusos que passam a ter sentido. É quando me sinto viva e vibrante, senhora de mim.
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