Você Sabe Quem Você É? Virgínia Leal
Quando alguém pede para você se apresentar, o que você diz? A profissão, o estado civil, nacionalidade e lugar onde nasceu? Se for num ambiente informal, você acrescenta se tem filhos, o seu hobby? Seu time de futebol, sua religião ou a ausência dela, sua classe social? Você parou para pensar que isso são apenas preferências e papeis sociais que identificam sua posição social e o que você faz, mas não é quem você é?
Ocupar papeis sociais e ter preferências e gostos não nos define. A forma como atuamos em cada um deles, como interagimos com as pessoas, como ocupamos nosso lugar no mundo é o caminho para descobrirmos quem somos.
A grande dificuldade em saber que somos é que nos escondemos até de nós mesmos. Fomos adestrados a adotar um comportamento padronizado e adequado às convenções sociais de nossa cultura. Assimilamos regras, adquirimos conhecimento e adotamos crenças sem questioná-las. A maioria de nós age quase que mecanicamente de acordo com as formalidades impostas, pelo desejo de pertencimento, de ser inserida no grupo, na comunidade, no contexto social. Por receio de desaprovação e por sermos induzidos a um ideal de perfeição inalcançável, representamos uma pessoa que ainda não somos, mas que gostaríamos de ser. O mal dessa atitude é que, além de vivermos uma vida falsa, aquilo que somos sempre se revela, seja por um ato falho, seja porque manter essa máscara se torna insustentável. Quanto mais representamos essa farsa, mais nos distanciamos de quem de verdade somos e negamos nossa essência.
Por essa razão, quando alguém pergunta “quem é você?” limitamo-nos a dizer nosso nome e os papeis que ocupamos no cenário social. A forma como respondemos às situações, como reagimos às provocações, a omissão ou a atitude diante da vida dão pistas desse desconhecido que é nosso verdadeiro eu.
Quanto mais permitimos que esse eu real aflore, mais nos tornamos autênticos e íntegros, menos precisamos usar de artifícios para esconder quem somos. Isso traz força, harmonia interior, paz e contentamento. Passamos a ser protagonistas e não coadjuvantes de nossa vida. E por que razão ocultamos quem somos? Isso é assunto para a próxima reflexão.
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