Quanto Pode o Pensamento? Virgínia Leal
São os pensamentos que determinam quem somos, ou somos capazes de determinar nossos pensamentos?
Há uma ideia corrente de que somos o que pensamos e isso precisa ser questionado. É verdade que pensamento e emoção são uma parte significativa do do eu, mas não o define. O juízo é a tradução de uma ideia que pode ou não ser levada a efeito.
Existem diversas formas de raciocínio. Há atitudes reativas e impulsivas que não se submetem à razão. O hábito é um comportamento condicionado derivado de um pensamento mecânico. Há pensamentos flutuantes, resíduos de algo a que a tela mental foi submetida, sem qualquer relevância. Há ideias fixas e obsessivas muitas vezes movidas pelo medo ou por uma experiência traumática. Ideias que precisam ser lidas e observadas para que não tomem a vida do indivíduo. Há pensamentos derivados do desejo pueril ou da ânsia da alma. Há formas de conceituar construtivas e destrutivas.
O pensamento, em si, não determina quem se é. O que se faz a partir dele, isso sim, comanda a tendência ou inclinação integrante da personalidade, tipo de caráter e temperamento.
O desejo de vingança num momento de raiva, por exemplo, é apenas uma reação momentânea. Mas ao ser alimentado, além de intoxicar a mente, pode resultar numa ação devastadora. O sentimento pensado domina o indivíduo que com ele se identificar, pela fixação decorrente da recorrência. Não executar o pensamento negativo demonstra controle sobre ele. O próximo passo é soltá-lo e liberar a raiva que o derivou. O pensamento tem a força e o poder que dermos a ele.
Ele é um fluxo que se dá pelo encadeamento ou sequência de associações afetivas. A mente é uma lente de observação que será tão real quanto translúcida estiver. Há que abrandar a força do pensamento para descobrir o que há por trás dele.
O mundo é a representação da mente, que o decodifica a partir das conclusões, algumas semiconscientes, tiradas a partir das interações com ele e com tudo e todos nele contidos. O indivíduo é o resultado da soma de suas experiências, vividas pelas emoções e traduzidas pela mente. A memória afetiva interfere decididamente nesse processo.
Quanto mais exercitamos a consciência do que pensamos, mais livre seremos para escolhermos os pensamentos que queremos preservar. E aqueles que convém descartar ou reverter.
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