Amante do destino

Virgínia Leal

Amo traçar a alameda enquanto nela ando, desenhar as árvores que a orla, o chão que a compõe. Amo saber que instantes depois de lhe dar existência, ela cria vida própria, vai mudando
os contornos, o sentido, a direção. Gosto de não saber onde vai dar a bifurcação, o que tem depois da curva, me encantar comum fruto ao alcance da mão, um pássaro contornando uma flor. Amo não saber aonde ela vai me levar.
Ainda que venha tempestade e a erosão aconteça, sigo firme e agradeço a oportunidade de praticar resiliência, com a consciência que tudo que me chega fui eu que colori, algumas coisas ainda são esboço, muitas trazem manchas de tanto tempo guardadas, outras preservam o frescor da novidade, mas todas vindas de mim.
Sou amante do destino, meu companheiro de jornada,
amo sua autonomia, pois embora eu o tenha estampado, sempre me surpreende com seus desdobramentos, com suas formas e movimentos, ora colorindo um horizonte azul, ora cinza, ora desenhando pedras e flores no mesmo percurso, mas sempre
me dando o norte, mostrando o que eu preciso ver e aprender.

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