Parece, mas não é

 

 

Ouvi muito as pessoas me dizerem que pareço uma pessoa calma. Pareço, mas não sou. Dentro de mim meus nervos queimam no fogo da ansiedade.

 

Dizem que pareço confiável. Pareço, mas não sou. Como pode ser confiável quem não confia em si próprio?

 

Há quem me diga que inspiro confiança. 

Pareço, mas não sou assim. Na verdade sou persuasiva, tenho o poder de convencimento, tenho boa articulação. 

 

Justamente por fazer uso dessa qualidade é que não sou confiável. Não deixo margem para reflexão e posso induzir as pessoas a acreditarem no que digo, e com frequência vejo que estou equivocada. 

 

O que me salva é que tenho a coragem de mudar de opinião, ainda que perca a confiança de quem acreditou em mim. 

 

De modo inverso, as pessoas me acham insensível. Pareço, mas não sou. Passei tanto tempo me retirando emocionalmente, congelando o que sinto, que minha face não retrata minha sensibilidade. 

 

As aparências enganam até a mim mesma. Nem sempre essa que transpareço é quem eu sou. 

 

À medida que me conheço, que exercito quem sou, o meu rosto recupera a expressão, mais parece mais com minha cara. 

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