Tristeza de quem sabe demais

  

“Existe um tipo de tristeza que não vem do sofrimento comum, mas do peso de saber demais. É aquela dor que surge quando você começa a ver o mundo como ele realmente é, sem filtros, sem ilusões.” @ofilosofosabio

 

Há um ditado que diz: “eu era feliz e não sabia.” “A ignorância oferece um alívio que a lucidez nunca permitirá.” @filosofo.citouu. A dor da consciência é uma tristeza que não chora, congestiona, não deixa o ar entrar. Ao mesmo tempo constipa, não deixa os dejetos saírem. O que é bom não entra e o que é ruim não sai, essa é a intoxicação da consciência.  

 

Saber demais me afeta a funcionalidade orgânica, não estou preparada para tanto. É um tipo de tristeza de difícil eliminação. Ela fica retida e compromete o natural movimento do corpo. 

 

É semelhante ao cansaço da vida, o núcleo da vontade comprometido.

É dor que rasga o véu da ilusão e revela a realidade. 

 

A realidade é um remédio amargo que só deve ser tomado a conta-gotas. 

Quem suportaria viver lembrando que vai morrer?

Quem sabe que quase tudo que foi priorizado não tinha a menor importância? Quem suportaria viver sabendo quantos afetos foram negligenciados, quantos amores foram abandonados, quantas alegrias foram contidas? Só damos conta de lampejos de lucidez.  

 

Acertou Viviane Mosé quando disse que o ser humano precisa de ilusão. Maquiavel já dizia que “o uso calculado da ilusão funciona como ferramenta de sobrevivência.” 

 

A ilusão é questão de sobrevivência, é o que nos salva de saber do que somos e da existência; é o que nos sustenta quando a esperança mingua, quando não vislumbramos o futuro, quando nosso propósito fracassa, quando o ânimo escapa pelos dedos. Quem suporta saber que a pessoa amada não voltará? 

 

É preciso amortecer a dor pelo esquecimento.

 

Se há malefício, é neutralizado se 

“usamos a ilusão calculadamente como ferramenta de sobrevivência”, é nos iludirmos com consciência. 

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