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Virgínia Leal: Treze obras que transcendem a inspiração literária

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Encontrei na metáfora a forma de expressar aquilo que não consigo traduzir nem para mim mesma. Não precisar responder a perguntas me deixa livre para compor meus pensamentos. Na verdade, não trago resposta a nenhum questionamento, instigo o leitor a refletir e encontrar suas próprias respostas.  Cada lufada simbólica pode mobilizar quem se sensibilizar por ela. Movimento é vida e a vida convida a se deixar levar pelo que se apresenta, abdicar das certezas, abrir-se para novas perspectivas, desbravar novos horizontes, com liberdade para sentir os anseios da alma.   Agora somo treze livros. Ao leitor proponho fazer uma leitura como quem se aventura nos sítios dos mistérios, nas searas do desconhecido, proponho deixar-se provocar pelos meandros da  palavra. Desejo bom proveito.  VIRGÍNIA LEAL: Com o lançamento desses três novos livros: "Dizeres e tal",  "Entre o real e o  imaginário" e "Vidas mutante", somo um total de treze obras literária. VIDAS MUTANTES 

Pessoas no caminho

    Tenho refletido sobre o que representaram algumas pessoas que passaram pelo meu caminho, mas ainda não tinha pensado o que eu representei para elas.   Eu entro e saio da estrada sem saber  qual percurso fiz com elas,  se o caminho era delas, meu ou nosso,  se fui eu ou elas a timoneira que  nos levou a um determinado porto,  se abandonei o barco antes de chegar  ao destino, se deixei o barco à deriva.  Pensando nisso agora, não sei sequer  se estávamos no mesmo barco  ou usando as mesmas coordenadas.   O certo é que cada um de nós seguiu em frente, encontrou novos companheiros  de viagem, escolheu trajetórias diferentes.    O intrigante é que eu entrei para ficar,  mas deixei a água minar no barco, convidei outras pessoas para embarcarem, e elas pesaram a ponto   de o barco afundar.     Me pergunto se para elas fui uma nuvem que nublou, mas não choveu, fogo  de palha que logo apagou, vento que não moveu as velas, farol que uma hora  se apagou. Ou, quem sabe, fui a resposta e soluçã

Provação

    Na escola da vida, com frequência sou posta à prova. Preciso estar atenta porque nunca sei quando o teste virá.  O bom é que não há reprovação,   as oportunidades de repetir o exame são infinitas, só que os testes vão ficando mais difíceis.    O erro faz parte do aprendizado,  o importante é identificá-lo e corrigi-lo. Como aluna esforçada, estou sempre disposta a aprender, tenho sede   de conhecimento.     A prova da vida é prática e o aprendizado é gradativo, de acordo com o nível  de aproveitamento de cada um.  Às vezes eu sei o que fazer, mas  a reação emocional me confunde.  Uma das provas mais difíceis  é a de educar as emoções.     Outras vezes erro porque quero fazer  do meu jeito, e nem sempre ele é o certo. Não adianta tentar colar de outra pessoa porque a prova é personalizada e requer experiência.     O ensino é espiralado, passo várias vezes pela mesma lição, só que num nível mais alto que o anterior, até ela ser assimilada  e integrada. Provação não é castigo,   é pro

Tempo fora do tempo

    Então é isso, nada a fazer, só agradecer. Tudo está em seu lugar, é só seguir com o fluxo. Os astros estão alinhados, nova estação chegando, o clima é ameno,  a brisa é suave. As nuvens exibem formas inusitadas, brinca com minha imaginação.  Sou preenchida de alegria e bem-estar,  a mente clara, o espírito leve. O dia   está em silêncio para eu ouvir a Boa Nova, Ela se renova em mim, tem nova aparência, conteúdo fácil de assimilar.    Então é isso, quanto tempo esse tempo fora do tempo vai durar não faz diferença, o que importa é o que fica a se eternizar.

Sombras do passado

  Sombras do passado   O passado mal resolvido me assombra. Mesmo sabendo do que deveria fazer, não me acautelei de eventuais rebordosas no futuro. Fiquei em conflito entre assumir o dano ou buscar reparação.    Deixei pontas soltas porque no fundo sabia que não estava honrando  o compromisso firmado. A raiz  do problema está no nascedouro   do acerto, impregnado de auto traição  e a emenda foi pior do que o soneto. Quando se é movido por intencionalidade negativa o resultado não pode ser bom.     Depois de muito resistir a assumir  a responsabilidade pelo meu erro, finalmente fiz as pazes com o passado.   

Casa bem cuidada

  Às vezes sonho pintando ou reformando  minha casa. Isso me deixa feliz, pois sei que em algum nível meu lar interno está sendo cuidado. Se eu sonho fazendo faxina, é porque em algum nível  minha casa emocional ou mental está bagunçada.    Aprendi com minha mãe a não deixar  a casa se deteriorar, pois dará muito trabalho consertar, além de aumentar  o custo.   Levo esse aprendizado para minha vida, tento não acumular pendências, sempre que posso procuro resolvê-las.   Também faço isso quando se trata  de questões e conflitos emocionais,  ao menor sintoma já me empenho  em buscar solução, mas procrastino  em algumas situações.     O corpo físico é minha morada, mantê-lo saudável e limpo ajuda a preservar  a saúde mental e emocional. Cuido  de minha morada interior, mantenho  a porta fechada, reforço os limites.   Quando a ordem está comprometida  é porque estou evitando encarar algo que para mim é difícil de lidar. E quanto mais demora, mais difícil se torna. A desordem externa reflete

Autorresponsabilidade

  Autorresponsabilidade   Quando eu cometo um erro por descuido ou negligência fico com raiva de mim  e desconto no agente que me causou  o prejuízo. Sinto a autorresponsabilidade me cobrar e o conflito interno se instala.   A mente sabe que eu devo assumir   as consequências do erro, mas é difícil me perdoar. Raiva e culpa  de um lado, acusar alguém do outro.  Aí surge a dúvida se devo cobrar ou não reparação, e o que devo fazer se houver recusa.     A culpa camuflada de raiva acontece por eu não ter dado o meu melhor, pelo ato relapso. Sinto culpa ao ser ferida  em meu orgulho, por não admitir     minhas imperfeições.   A vida aproveita todas as oportunidades em meu benefício, e o que aparenta ser um malefício pode trazer algo muito positivo, se eu buscar a razão  de minha atitude, qual a motivação   para eu ter agido assim.    Quando se trata de dinheiro, tenho  a crença de que não mereço abundância, quando tanta gente vive na escassez.   Por outro lado, às vezes sou vitimada pela g

Não entendo

  Não entendo o que se passa comigo, fico triste quando tenho todos os motivos para estar alegre. Não entendo por que hesito em atravessar a porta, quando ela  me convida à aventura.    Não entendo qual a dificuldade  em me revelar se a dor da auto repressão é mais forte que a dor de ser eu mesma.   Sei que nem a vida nem ninguém  me deve nada, só não entendo  esse ressentimento que me assola. Reconheço o quanto a vida já me deu, mas não entendo por que continuo achando que merecia mais.    Não entendo o que me acontece quando não ajo como penso e contradigo o que sinto, por qual a razão não transformo  a consciência em atitude, por que não me comporto com coerência. Não entendo qual é o meu problema, qual a dificuldade  para a vontade acompanhar o intuito da mente, para que o não em mim é mais forte que o sim.    Acredito que na vida há mistérios imponderáveis, mas o que não entendo  é o que me impede de decifrar o enigma que ainda sou para mim, se tenho todas as ferramentas disponíve