Fotografia de uma mente
Quem me ver assim, tão calma, não tem ideia de quem eu sou. Dentro de mim há uma mente desgovernada, um trem bala que transporta um turbilhão de pensamentos simultâneos, sobrepostos, circulares, de toda ordem. Como fotografar algo que está sempre em movimento?
Se o que penso é solução, por trás tem dúvida e desespero. Enquanto o pensamento é racional, viaja com ele a imaginação.
É como um peão que gira sem parar trazendo em cada giro preocupações, alegrias, entendimento, incoerência, lembranças, realidade, fantasia, digressões, divagações e certezas.
É como um barco sem vela e sem porto seguro. Como pode essa mente inquieta encontrar um travesseiro para repousar? Como pode organizar os pensamentos se eles são aves em debandada?
Tal qual um para raio de maluco que se distrai com o mínimo estímulo, interno ou externo, e se transporta para outro lugar ou tempo, nunca está no mesmo lugar.
Se me vissem por dentro não me reconheceriam, o oposto do que sou por fora. O pior é que essa montanha russa me traz ansiedade que desencadeia o caos mental.
Meditação não funciona, não consigo aquietar a mente. Distrai-la com algo prazeroso dá a ela descanso, ainda que seja por um instante fugaz. Ficar presente também. Aos poucos vou aprendendo a lidar com esse turbilhão de pensamentos, prestando atenção neles.
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