Incompletude
Quando eu era jovem, tinha a fantasia de que a falta que sentia seria preenchida por alguém, como nos contos de fada.
Depois passei por uma fase de “autossuficiência”, dizia a mim mesma que não precisava de ninguém, que me bastava.
Essa imagem que criei de mim abafava a carência afetiva onde depositei a falta.
A independência financeira, a realização profissional não foram suficientes para preencher a falta, ela não estava ali.
Busquei o que faltava na compulsão pelo trabalho e pela comida. Como era de se esperar só me trouxe exaustão e adoecimento.
Procurei o parceiro que iria preencher a falta, a suposta “cara metade”. Só que ninguém é capaz de suprir carência afetiva.
Até então não sabia que a incompletude não pode ser preenchida por nada externo a mim.
A peça que falta está em mim, só que não dá para achá-la de imediato. É a falta que me move. A cada dia que encontro algo perdido em mim vai formando essa peça tão escondida.
A falta existencial é inerente ao ser humano, e é ela que o move na vida.
Ela não é algo a ser preenchido, e tentar amenizá-la com substitutos só causa mais sofrimento.
Somos seres incompletos em busca da plenitude. Quanto mais nos voltarmos para dentro, mais aliviaremos a sensação de incompletude.
O estado de presença e a aceitação da incompletude me ajudam a seguir na vida com bem-estar. Mas nem sempre consigo alcançar este estado de alma.
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