Santo de casa não faz milagre

 

“Os circuitos de consagração social serão tanto mais eficazes quanto mais longe eles passarem do objeto consagrado” Clovis de Barros

 

Quando eu lancei meu primeiro livro em 2003, fiquei feliz com a repercussão, mais de cem pessoas compareceram, entre colegas, amigos e familiares. 

 

Depois de algum tempo pude constatar que muitos deles sequer se deram ao trabalho de lê-lo, adquiriram o livro só para me prestigiar. Não era isso que eu queria, não estava interessada em retorno financeiro. 

 

Quando passei a publicar meus textos gratuitamente nas redes sociais, sei quem de fato tem interesse no que escrevo, seja um estranho, conhecido, amigo ou familiar.

 

Muito sábio é o ditado que diz: “santo de casa não faz milagre.” Quanto mais próximo estão as pessoas em meu entorno, menos credibilidade me dão. Ou não acreditam em minha capacidade, ou me ignoram por inveja. O vínculo afetivo interfere na avaliação isenta do texto, tanto de forma positiva quanto negativa. 

 

Por isso, “os circuitos de consagração social serão tanto mais eficazes quanto mais longe eles passarem do objeto consagrado.”  Ou seja, para ser consagrado o conteúdo do meu trabalho ele precisa alcançar quem não me conhece, quem não tem proximidade a mim, quem se concentra na obra e não no autor. 

 

É claro que existem exceções, recebo incentivo de pessoas próximas a mim. Mas para que meu trabalho seja consagrado é preciso que pessoas isentas o reconheçam e validem.

 

Mas esse não é o meu objetivo, não estou interessada em consagração. Quero que a mensagem que passo em meus textos alcancem as pessoas, não importa a quantidade ou quem se identifica com eles. Escrever tornou-se meu propósito de vida. 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Movimento

Faces do medo

Desejo - Virgínia Leal