Quando quebrarei o som do silêncio?
Recomendo um seriado que estou assistindo: “Zoey e sua fantástica play list.” As pessoas cantam para a protagonista suas dores e sofrimentos, canções que só ela escuta, e até mesmo quem canta não se dá conta desse fenômeno.
Ela era insensível à dor alheia e à sua própria. Depois de várias vezes em que isso aconteceu, ela deduziu que essa foi a forma que ela encontrou para desenvolver empatia e tentar ajudar as pessoas.
Mas na verdade era um grito de socorro de sua alma que, diante da sua rigidez, precisou fazer esse caminho, até ela cantar suas próprias dores.
Ela conseguiu quebrar a barreira do silêncio autoimposta, e não conseguia mais conter conteúdos que precisavam emergir para serem curados.
Trazendo essa história para mim e refletindo sobre o meu próprio som do silêncio, percebi como ele abafa a voz que preciso ouvir.
Talvez por isso eu tenha desenvolvido uma ansiedade insuportável, que nada mais é do que o medo de ouvir essa voz interior.
O excesso de ansiedade se transformou em fobia de multidão e do ruído de muitas pessoas conversando, que para mim é ensurdecedor.
Ao invés de me permitir suportar esse sintoma, tento contê-lo me mantendo ocupada, alimentando compulsões que me dão um aparente alívio, mas que não resolve o problema.
Enquanto estou sob o efeito da culpa por ter cedido à compulsão, prometo a mim mesma que não repetirei essa conduta, até um novo pico de ansiedade me fazer esquecer do compromisso que assumi.
Ontem eu me permiti pela primeira vez ouvir a voz do meu medo e senti a ansiedade se dissipar aos poucos.
Mas esse mal hábito está enraizado pelo tempo que o pratico. Vou precisar de muitas tentativas, reincidindo no mesmo erro, até conseguir quebrar a barreira do silêncio.
Tenho consciência de que a procrastinação também precisa de atenção. Como diz o prólogo acima, “O amanhã não aceita os erros de hoje.”
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