Virgínia Barbosa Leal

    É preciso sair do convencional, dos conceitos pré-estabelecidos, para conhecer os caminhos de Deus.   Pedi a Ele que me protegesse de influências espirituais que me envolvem quando durmo. Hoje, acordei com lembranças embaralhadas do que vivi enquanto dormia.   Num primeiro momento, achei que Ele não tinha atendido minha prece. Com mais vagar observei, entre as lembranças do sonho, alguns momentos em que tomei uma iniciativa, reagi para sair desse enrosco.    Lembrei que quando pedimos algo, nos é revelado o impedimento para que aconteça o que rogamos.   Agradeci, confiante Nele, e em mim, que já estou dando os primeiros passos para me libertar desse estado nefasto.    Não tenho maturidade espiritual para entender os Caminhos de Deus, mas me empenho em pensar fora da caixa e, com isso, chegar mais próxima Deles . 

    “Aquele que nunca caiu é aquele que nunca aprendeu a andar”. Por.joaozermunguba   Eu já me matriculei num curso que me interessava e depois cancelei. Não me sentia apta a aprender, tinha medo de ser reprovada.   Quem tem medo de fracassar não sai do lugar, não evolui, não se aventura. O medo de fracassar tem por base o orgulho. Não queria expor minha suposta deficiência, a inabilidade que julgava ter.   Quando a gente não conhece a própria capacidade intelectual, prefere não dar o passo que julga ser maior que as pernas.    A minha insegurança era tal que nem me lembrei de que nunca fui reprovada, apenas uma vez fiquei em recuperação escolar.   Depois de três rompimentos conjugais, me sinto insegura em iniciar um novo relacionamento, até intenciono esse propósito, mas por trás da vontade existe a crença de fracasso.   Na verdade, meu medo é do êxito, medo da responsabilidade e expectativa que ele traz.    A vida é feita de acert...

    “Nunca diga eu não posso, porque eu posso tudo naquele que me fortalece” como_ter_relacionamentos   Eu era uma criança introvertida, não interagia com meus irmãos nem com os colegas de classe. O meu mundo era de fantasia, das fotonovelas.    Gostava de observar os fios d’água se formando pela chuva, os caminhos que fazia. Subia no muro para ver os carros passando.    Mesmo sem conversar, sem falar nada com ninguém, dava um jeito de ser convidada para as brincadeiras: bola de gude, ferrão, jogo das pedrinhas.    No dia a dia minha cabeça não estava presente, só focava no que gostava, não sabia o que acontecia em meu entorno.    Por algum tempo, tive curiosidade nas coisas que os adultos falavam, não sei se entendia, provavelmente não, porque não lembro de uma só palavra.    O que me salvou foi a música, gostava de ouvir e dançar. Brincava sozinha, juntava cacos de louça para fazer os personagens, criava uma família que ...

  “Estamos falando da necessidade da dor ... Se não fosse o aviso desse  anjo  mensageiro, como poderíamos cuidar da saúde?” Lancellin. João Nunes Maia Iniciação – Viagem astral    Já discorri sobre esse tema, mas a inspiração trouxe ele de volta, pela importância da dor na vida humana.   Volto a dizer que a dor é um alarme de que algo está errado, não só na saúde do corpo físico, mas especialmente na seara do espírito.   Também já falei que acredito que toda doença física é psicossomática. Isto quer dizer que a doença tem origem nas mazelas da alma que se revela na psique e se manifesta no corpo físico.   Quero acreditar que quando a dor se instala no físico é sinal de que a cura se iniciou.    Se todos fôssemos iniciados na escola espiritual, saberíamos o que fazer quando ela chegasse. Ao invés de lamentarmos, chorarmos, e muitas vezes nos revoltarmos, iríamos nos questionar qual lição ela quer nos ensinar.   A dor purga as conseq...

    "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca".  Mateus 26:41   Posso dominar as más inclinações quando estou em vigília, mas o sono as revela e, de certa forma, as vivencio. Com isso, atraio na erraticidade companhias indesejáveis que reforçam o vícios e erros que ainda possuo.   Pode parecer inverossímil, mas é o que acontece comigo quando me liberto do corpo físico, quando ele está em repouso. Acordo com mal-estar e cansada.   A oração não vai evitar que eu repita esse comportamento viciado, mas me dará consciência para que mude de atitude.   Orai e vigiai, quantas vezes já ouvi isso, no entanto tenho resistência em rezar, tenho dúvida se há alguém do outro lado me ouvindo, ou que minha prece será atendida.    “Seja feita a Tua Vontade” não a minha, porque ainda sou imatura espiritualmente e não sei o que é melhor para mim. Essa é a prece que preciso não apenas verbalizar, ma...

  Todos nós temos um canal de comunicação direta com o Criador. A diferença está na condição desse canal, que pode estar cristalino ou denso da poeira das imperfeições.    Isso não quer dizer que quem consegue acessar o canal divino está livre de erros. O erro integra o aprendizado humano, na estrada da ascensão.   É importante estar atento aos sinais como insights, um percepção nova da vida, uma sensação de bem-estar, entre tantos outros.    Aquele que já iniciou a jornada do buscador, e que se empenha em ser uma pessoa melhor terá mais condições de purificar o canal, pouco a pouco, se permitir ser instrumento do bem.    Sigamos os ensinamentos do Evangelho que diz: "Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e àquele que bate, a porta será aberta.”  Lucas, 7  

  “Cometa erros, mas não se arrependa deles, aprenda com eles porque arrependimento é o mais difícil de carregar quanto se envelhece.” @_poesianua   A bíblia trata o arrependimento como condição para ser perdoado, o arrependimento sincero que reconhece o pecado e busca reparação.   Mas quando o arrependimento é excessivo, prolongado e paralisante, ele impede do pecador seguir em frente. Esse arrependimento  p rejudicial é típico do perfeccionista que não aceita que cometer erros. É  arrependimento fruto do orgulho.   É preferível reconhecer o erro e assumir a responsabilidade pelas consequências. Assim, ao invés de ficar paralisado pelo arrependimento, ele pode se converter em aprendizado.   É inerente ao ser humano o erro, porque não somos perfeitos. Até mesmo quando queremos acertar, podemos falhar e prejudicar alguém. Faz parte do caminho da maturidade.    À medida que o reconhecimento se torna mais rápido e frequente, pode-se tirar p...

  “A realidade continua a mesma a tua visão em relação à realidade mudou seus sentimentos.” Sany Sonnenreich   Não gosto de usar a palavra sucesso, pela conotação que ela tomou. Pelo senso comum, sucesso é ser bem-sucedido na carreira profissional, é ter conquistado o patrimônio profissional, é ter adquirido prestígio e fama.   O êxito não está atrelado ao modelo de sucesso conhecido. Você pode ter êxito na mudança de um hábito, na libertação de um vício, em aprimorar o temperamento. O êxito pode levar ao sucesso de forma indireta, como desdobramento de seu empenho em crescer como pessoa.   Ter êxito em qualquer coisa carece de disciplina, “da repetição de hábitos constantemente, extraindo desses hábitos o aprendizado necessário para te motivar a repeti-los.”Sany Sonnenreich    Para ter êxito, é preciso acreditar em si próprio, em se sentir capaz de chegar lá. Depende de uma autoestima consolidada e da renúncia das supostas vantagens que se manter como está...

  Há um olhar dentro de mim que observa meus pensamentos. Ele percebe quando eles estão acelerados, muitas vezes sobrepostos, em conflito uns com os outros.    A ansiedade se instala quando há um pensamento de fundo que tenho dificuldade de acessar e que gera outros pensamentos para o esconder.    O eu observador é o auxiliar que revela o que está acontecendo dentro de mim. No momento em que ele consegue chegar até o pensamento de fundo, os outros perdem a importância, passo a focar no que está sendo revelado.   Às vezes o pensamento de fundo é uma preocupação, um medo oculto de mim mesmo, muitas vezes infundados, mas como o escondi, ele se tornou cada vez mais irracional.   Quando estou ansiosa, pergunto a mim mesma o que não quero ver e dou consentimento para o que quer que chegue.   

  Qualquer crescimento que você explique não foi Deus que te fez crescer, porque quando Deus te faz crescer você não consegue explicar. Onde você quer crescer, Deus te diminui, e o lugar onde você diminui Deus te faz crescer. Tem gente que quer subir mas não aprendeu a descer. @jacksonmarques_im   Há uma passagem do evangelho que diz que para ser grande, sede pequeno. Nada mais certo.   Na escola tradicional como na escola da vida começamos o aprendizado pelo básico, só quando formos aprovados nessa etapa é que teremos a oportunidade de ascender.   Eu já passei por uma experiência desastrosa que me ensinou muito. Aceitei o convite para dar aula sobre um tema em que só sabia o básico, não tive a humildade de reconhecer que ainda não estava pronta.    Eu quis subir, mas sequer tive a humildade de descer do pedestal que eu mesma me coloquei e reconhecer meus limites ainda não ultrapassados.    Muitas são as tentações para cairmos em desgraça, uma del...

    “ Há pessoas que são acidentes, e você insiste porque você não quer perder seu tempo e perde o futuro.” Carpinejar    Se eu ouvisse isso tempos atrás teria evitado relacionamentos fadados ao fracasso. E como eu insisti, até não poder mais. O sentimento era de fidelidade ao laço que criamos, não queria admitir que escolhi errado.   No entanto, dois deles me deram filhos, quem sabe se os teria com outra pessoa?   É chover no molhado, nenhum deles levou o relacionamento a sério, queriam o casamento sem renunciarem à vida de solteiro.    Eu me consolo dizendo que essas relações me ensinaram muito e me ajudaram a desenvolver resiliência. Mas de verdade não haveria um caminho mais fácil e eficiente para isso?   Agora, eu fui para outro extremo, ao menor sinal de fumaça eu vejo um incêndio e fujo. Digo a mim mesma que não tenho mais tempo a perder com quem não se entrega à relação.    Pode ser que seja um acidente ou não, é preciso mai...

    “Nós sempre estamos procurando por alguém que diga exatamente o que fazer.” Jacob Petry    Eu tinha um conhecido que circulava entre os restaurantes, e escolhia aquele que estava mais cheio. Eu me pergunto se eu sou todo mundo, se o gosto da maioria irá me satisfazer.   Eu nunca tive medo de contratar um prestador de serviço sem referência, nem indico alguém que me fez um bom serviço. Já tive boas surpresas com prestadores anônimos e decepções com outros recomendados.   Hoje tenho uma larga experiência em como lidar com tais profissionais, que não teria se todos prestassem um bom serviço.   É claro que não vou contratar alguém que já teve várias avaliações ruins, mas o cerne da questão é que prefiro tomar minhas próprias decisões, ainda que vá me dar mal.   Aprender a escolher passa pelos erros e prejuízos são inevitáveis, mas ir pela cabeça dos outros tentando evitar se dar mal é uma ilusão. É claro que me cerco de todas as informações possív...

    A falta me causa sofrimento, por não saber a qual jogo pertenço. É como se eu fosse essa peça que falta e que deseja se justapor.   Talvez não me encaixe porque a toda hora mudo de formato, assim, o jogo que me cabia, agora não me serve mais.   Se o jogo muda, mais difícil ainda se torna encontrar meu lugar. Se sou a peça que falta, estou destinada a me perder, porque o desejo não pode ser saciado, senão acaba o jogo.   Se sou eu que move o jogo, não posso ser alcançada, e agora entendo por que mudo a toda hora.   Só o movimento sincrônico da mesma modelagem pode promover o encontro, e não faz sentido todo um jogo performar para que eu caiba.   Talvez eu precise criar meu próprio jogo, para que, por atração natural, as demais peças cheguem.    Talvez eu tenha perdido o ânimo de encontrar meus semelhantes e prefira ficar vagando, à espera que eu atraia ou seja atraída pelo lugar a que pertenço, tal como se encontram o côncavo e o convexo.

  Quando eu não sabia o que queria, vivia ziguezagueando, sem rumo certo, passos erráticos. Não seguia as sinuosidades da vida, era uma folha ao vento.   Acreditava que o acaso me traria a resposta, que o tempo me mostraria o caminho, que a vida seria generosa comigo.   No trato com a vida seguia em linha reta, sem olhar para a esquerda ou para a direita, numa rigidez equina, como se tivesse uma viseira.   Dentro desse caos havia uma ânsia, não sabia do quê.    Até que cruzei com a dor, ela me levou de volta ao eixo. Daí então descobri o que era importante e prioritário, que eu posso vagar nas nuvens, desde que esteja com os pés firmes no chão.    Agora transito entre dois mundos, sem me desconectar de nenhum.   

  Não basta amar, para o amor sobreviver às adversidades que todo casal passa, é preciso que se tenha construído três pilares: Respeito, admiração e desejo.   Quando eu deixei de admirar o parceiro, não tive mais desejo por ele. Para mim, as duas coisas estão interligadas.    Na minha opinião, respeito é não fazer nada que o magoe. Isso inclui fidelidade, cuidado, delicadeza nos gestos e na fala. Quando eu descobri a infidelidade do parceiro, deixei de admirá-lo e o desejo acabou.   Desejo, não apenas sexual, gostar de ouvi-lo, de estar em sua companhia, da cumplicidade criada, de conversar. Passei a não o ouvir quando ele só fazia reclamar de tudo.   Sem esses pilares, o amor perece, a relação é minada, a convivência deixa de ser prazerosa.  

  “No princípio só havia consciência sem forma, sem nome, sem começo. Tudo era o todo, mas o todo, por ser tudo, não tinha nada fora de si. Sem o outro, não havia espelho, e sem espelho não há reconhecimento, sem reconhecimento não há experiência, sem experiência, não há expansão... Foi aí que ele orbitou, se ultrapassou, se fragmentou. E ao se fragmentar ... Cada ser, cada alma, cada consciência individual é uma centelha dessa grande consciência que tudo é...” Kleber D. Bernardini.   É difícil entender que todos somos um. Por essa razão, há várias versões da origem do Universo, seja na mitologia, religião ou ciência.   Quero crer que todos fazemos parte de uma família humana cujo Pai é o mesmo. Faz sentido para mim o princípio budista da inclusão. Se todos somos irmãos espirituais e temos a mesma origem, rejeitar alguém é excluir uma parte de nós mesmos.   Eu só consegui me sentir pertencendo a essa grande rede humana quando acolhi o princípio da inclusão.   In...

  Antes eu queria tanto algo ou alguém que criava uma corrente de pressão, e ela  dificultava ou interrompia o fluxo natural da vida, o tempo das coisas. Quanto mais eu pressionava, mais longe ficava da realização.   É a mesma pressão que exerço quando estou procurando algo e não acho. Quando eu “deixo para lá” ele aparece, muitas vezes bem à minha frente e eu não via.   Queria recompensa imediata, não sabia esperar nem deixar que o tempo me mostrasse se meu desejo estava ou não focado em algo bom para mim.   Quando eu estava nessa vibração, orbitava em torno do desejo, sem ver alternativas que poderiam ser melhores.   Depois entendi que o desejo arrastado pela pressão que eu exercia sobre o fluxo era algo que eu já intuía não ser para mim, mas queria apesar disso.    Não desejar é o início da imobilidade que pode levar à morte física ou psicológica. Mas ficar obcecada pelo desejo o desvirtua.    O ser desejante é aquele que está se...

  Já fiquei em cima do muro, não queria decidir porque não queria deixar de lado nenhuma opção. Deveria ter aproveitado o tempo em que estava lá para ter uma visão mais ampla das possibilidades e suas consequências. Em cima do muro não é um lugar de permanecer e sim de transição. Ficar em cima do muro é se manter inerte, o que pode levar à morte física ou psicológica.    Às vezes, eu escolhia a mais fácil, sem considerar alternativas que poderiam ser melhores.    Ficar em cima do muro é conduta própria da pessoa imediatista, que não quer ter trabalho, nem se esforçar, não quer esperar o tempo de maturação. É inerente a quem não quer assumir responsabilidade.    Já fui imediatista e queria resultados logo, e eles nem sempre representavam êxito.    O mais importante é decidir, mesmo que não seja a melhor escolha, mesmo que no futuro tenha que mudar de rota, ou desistir depois de ver outras opções. 

  Há quem confunda autoritarismo com limites.    O autoritarismo se caracteriza pela imposição, enquanto a autoridade, exercida com respeito, promove o desenvolvimento saudável e a construção de limites necessários.     Nas redes sociais, um grupo de conversação precisa de regras de convivência, bem como definir o objetivo do grupo.   É importante estabelecer limites de forma clara, coerente com o objetivo do grupo e com base no diálogo.  A moderação do grupo é uma ferramenta indispensável para observar e dar limites, de acordo com os parâmetros pré-estabelecidos.    Criar e aplicar limites não é ser autoritário, é um meio de preservar a boa convivência e respeito mútuos, desde que não haja imposição e rigidez. 

  Hoje acordei com duas palavras na mente: temperamento e caráter. Entendi que algum lugar em mim sentiu necessidade de recordar quem sou. A primeira preocupação que surgiu foi a de separar o que é meu do que em mim foi moldado pela educação, cultura e escolhas ao longo da vida. A modelagem feita pela educação, cultura e sociedade foi algo que veio de fora e muito da sua forma e conteúdo provavelmente foram assimilados sem qualquer questionamento. O problema é que, depois de incorporados, penso e ajo a partir dessa modelagem de forma quase que automática, o que dificulta fazer uma análise crítica. Com essas considerações, penso que meu caráter é regido pela honestidade, responsabilidade e justiça, ainda que nem sempre eu consiga atuar a partir dessas qualidades. Não vejo como ser objetiva nesse sentido, eis que tais conceitos passam pela minha subjetividade, ou pela forma em que os assimilei. Partindo do princípio de que o caráter é mutável, ele vai adquirindo a forma que minhas e...

    “Espero que quando você voltar para casa, para si mesma, a porta da frente esteja repleta de flores deixadas pelas mulheres que um dia você já foi.” M.I.A.   Dentro de mim há muitas versões de quem já fui: a criança curiosa, a adolescente rebelde, a jovem empreendedora.    Chegou a hora, que é o marco da minha vida, em que não faz mais sentido “ter que”, que tudo que eu preciso fazer já foi feito ou não dá mais para fazer.   Então, uma nova mulher surgiu. Uma mulher que não precisa provar nada para ninguém, cuja única ambição é voltar para casa, para a essência que escondi com tantas armaduras inúteis.    Estou certa de que aquelas que fui me aplaudem, me encorajam e me honram por esse salto no escuro.   Devagar, sem pressa, pé ante pé, vou seguindo. Já avisto minha casa com a porta aberta me chamando, e estou indo.   

    Por muito tempo pensei que era objetiva. Ia direto ao ponto, não fazia rodeios, não floreava o que dizia, minha fala era clara e concisa assim como o que escrevo. Esse era meu comportamento ao lidar com a vida e com o trabalho.    No entanto, no convívio afetivo não era assim. Queria que o parceiro adivinhasse o que eu queria, divagava quando ia tratar de algo que me incomodava, trazia coisas do passado, não tinha foco. Muita vezes chegava ao ponto de não saber mais o que eu queria tratar.   Quando a questão não envolve emoções e sentimentos, é mais fácil ser objetiva.    Por outro lado, era comum eu usar de crueldade ao ser objetiva, não considerava se a pessoa estava pronta para ouvir o “que precisava ser dito”, com frequência provocava reações emocionais.    O compromisso com a verdade não levava em conta quando, como e o quê deveria ser dito, nem se era útil o que eu tinha para dizer.   A experiência me ensinou que não ajuda dize...

  Sempre fui uma pessoa muito controladora, queria controlar o que iria acontecer no dia, prever os contratempos, a vida, as pessoas, só não tinha controle de mim.   Cada vez que as coisas não aconteciam como o planejado, ficava contrariada, até mesmo quando não conseguia cumprir uma lista de tarefas que tinha me proposto a fazer.   A experiência me mostrou que a única coisa que posso controlar são meus impulsos, minhas reações emocionais e esse é meu maior desafio.    Se me mantenho centrada, a melhor solução surgirá, mas se me descompenso, estarei a mercê dos acontecimentos e das pessoas.    A vida me põe à prova à toda hora, os desafios e as adversidades não cessam, e o que importa é como eu lido com eles.   

  Na maior parte da minha vida tomei decisões movida pelo medo. À medida em que fui me trabalhando, o medo foi se amenizando e a angústia ficou mais evidente.   O medo não é bom conselheiro, e decisões o tendo a base  me desconecta da realidade, prejudica o discernimento.   A angústia é minha companheira, às vezes ela está encoberta pela ansiedade, mas minha reação vem da angústia.   Nunca fui tomada pelo pânico, talvez porque eu não ignore a angústia, eu a confronte e a questione.   O medo é uma reação emocional diante de situações de sobrevivência, nos prepara para lutar ou fugir. Mas ele vem sendo acionado por questões afetivas, como medo de perder alguém que amo, de não me sentir capaz, de que algo que temo que aconteça.    O medo gera o controle como mecanismo de defesa, na tentativa de evitar que algo indesejado aconteça.   O medo pode gerar angústia. A angústia intensifica o medo e traz uma sensação intensa que confunde e desorien...

  “Reclamar demais pode danificar o cérebro e causar problemas no sistema nervoso central.” IA do Google   Eu era muito crítica, criticar é um tipo de reclamação. Quando se tem o hábito de reclamar a energia se densifica, cria-se um estado de insatisfação.    Eu tive um marido que vivia reclamando o tempo todo do chefe, de não ser bem remunerado. Pessoas assim, afastam os outros, porque ninguém suporta conviver por muito tempo alguém amargurado.    Reclamar é autocentramento, a pessoa não de importa se der errado para o outros, desde que para ela não.     Reclamar cria uma lente pessimista pela qual se vê a vida, e assim nada de bom pode atrair.   Re-clamar é clamar mais uma vez, é clamar demais, é insatisfação, é intolerância.   Quando você reclama, está dizendo ao universo que a vida não vale à pena. Quem reclama não é capaz de reconhecer e agradecer o que a vida lhe oferece.    O filósofo Picuro dizia: A felicidade é pr...

    Sensibilidade não é o mesmo que suscetibilidade. Enquanto uma nos prepara para viver e aproveitar as experiências, a outra cria uma ilusão que causa mágoa e ressentimento.   A pessoa sensível percebe mais porque está presente. Ainda que a sensibilidade cause dor, por outro lado se comove com as coisas belas da vida.   A sensibilidade favorece a intuição, a imaginação e a criatividade.   Ser sensível não é demonstração de fragilidade, pelo contrário. Pessoa sensível é resiliente e suporta melhor as desventuras.    Sensibilidade é a capacidade de sentir profundamente cada momento da existência. 

  “Infelizmente estamos vivendo em um momento de grandes discursos triunfalistas, nos quais motivação e superação aparecem como valores centrais de uma realização. O efeito colateral desses discursos é a comparação. Lucas Lujan    Discursos que dizem que “você pode” o que quiser, basta ter motivação e se superar é uma armadilha. Nem tudo é possível, seja porque você não está preparado o suficiente, seja porque não depende só de você, seja porque não está ao seu alcance.   A primeira coisa a observar é o que triunfar é para você: é progredir profissionalmente, ter êxito no relacionamento, ganhar muito dinheiro? Ou você está buscando a superação de maus hábitos e vícios, tornar-se uma pessoa melhor?    É o seu querer que irá lhe direcionar para o sucesso ou para o fracasso, conforme seja sua motivação egoísta ou generosa. Você pode até realizar o seu desejo, mas se ele lhe desvia do seu propósito, não se pode dizer que triunfou.      Acreditar ...

  “Quando uma pessoa te ama de verdade, o maior medo é de te machucar. Mas quando uma pessoa ama o quanto a faz feliz o maior medo dela é te perder.” Cláudia Ohana   Essa ideia me surpreendeu, mas faz sentido. Quem ama respeita e cuida, quer me ver feliz, por isso não quer me magoar.   Pensando assim, creio que a maioria das pessoas não ama, ou o amor fica sufocado pelo sentimento de posse e egoísmo.   Trazendo essa questão para mim, eu era ciumenta, que é a prova mais clara de que não quero perder. Esse medo era escondido porque não via sinais de que ia perdê-lo.   Se as pessoas soubessem e acreditassem nessa definição de amor, seria mais cuidadosa em evitar fazer algo que magoasse o parceiro.

    “Ninguém irá bagunçar a sua casa se você não der a chave, Convidados indesejados trazem problemas indesejados, e isso não é sobre casas.” Miriam Garcia   Eu não dei limites a uma pessoa do meu convívio, achava que poderia me comportar do mesmo jeito com ela, mas não foi bem assim.    A amizade ficou abalada, eu me ressenti, mas depois de algum tempo em entendi que a responsabilidade foi minha.   Se eu tivesse estabelecido os parâmetros da convivência desde o começo, talvez não evitasse, mas minimizaria a invasão.    Essa experiência me mostrou o quanto eu era invasiva, e não dar limites a mim e ao outro é falta de amor.    Quando alguma coisa sai fora do eixo, eu me pergunto de que forma contribui para isso.    Ouvi uma palestrante dizer: “crianças abandonadas são as crianças cujos pais não se responsabilizam pela dura tarefa de impor limites a ela.” @danubiapsdamasceno.   As crianças que não receberam limites se torna...

    Já fui muito crítica, observava nos outros o que eles tinham de pior. Procedia assim como defesa, para não me deixar enganar.   Não sabia elogiar, me sentia intimidada e tinha inveja daqueles em que via qualidades.   Em ambas as situações eu os rejeitava, era difícil criar um vínculo com quem quer que seja. Não entendia que estava rejeitando a mim mesma.   O meu equívoco estava em ver só qualidades ou defeitos, não sabia que todo ser humano é feito de luz e sombra e escolher um aspecto apenas desumaniza, já que nesse plano não há anjos nem demônios.   Tudo mudou quando ouvi alguém dizer “Você só pode ver no outro aquilo que também é seu”.    Se o outro é meu espelho, o que vejo nele são aspectos meus também.  O espelhamento me mostra aquilo que não vejo, os pontos cegos. O certo é que o espelho não mente.   É por isso que relacionar-me ajuda a me conhecer. A consciência de que o que vejo no outro também é meu me ajuda  a ac...

Quando eu iniciei meu processo de autoconhecimento, achava que tinha chegado tarde, que meus colegas já estavam adiantados e que eu fiquei para trás.    A gente acha que a galinha do vizinho é mais gorda. Não podemos conhecer os outros com base na aparência, não sabemos se a mudança foi profunda ou estão com uma máscara do que gostaria de ser.   Minha evolução é lenta porque tenho resistência à mudança e sou teimosa. Não aceitava nada que vinha de fora, a mudança em mim precisava vir de dentro.   Só aceito qualquer informação, mesmo que seja verdadeira, se eu estiver pronta se ela ressoou em mim.   Cada um tem seu ritmo interno e querer acelerar o processo só resulta em retrocesso.    Você não está atrasado, você está em sintonia com seu ritmo interno. Comparar-se não é uma boa medida, porque o real processo de evolução respeita o tempo de cada um.