Imediatismo
“Nem tudo que demora está atrasado, às vezes faz parte do processo”. Victor Benecke
No mundo veloz em que vivemos, desaprendemos a esperar, a ter paciência. Basta um clique e a mensagem ou o pagamento já chega de imediato ao destinatário.
Meu lema era “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” Ao acordar, já me levantava da cama elétrica já pensando no próximo passo. Aliás, a programação do que ia fazer já estava pronta um dia antes.
Sempre me foi fácil materializar os pensamentos, as ideias. Era grande o descompasso entre meu ritmo externo e o interno.
Como funcionava, não me preocupava com minha desconexão do meu entorno, não me dava conta do que acontecia.
Enquanto alguém desfrutava de uma boa conversa ou contemplava o belo, eu era veloz, como se não houvesse mais tempo.
Depois de muito tempo percebi que agia assim para ficar logo livre. Mas ao invés de aproveitar o tempo de ócio, partia para outra tarefa, outro empreendimento.
Até meus relacionamentos seguiam essa mesma lógica. Quando terminavam, não me dava tempo para o luto, para refletir como contribui para o término. Intencionava um novo parceiro, e em pouco tempo já estava com outro.
Não via que as sucessivas interrupções dos encontros demonstravam que esse método não funcionava.
O meu imediatismo não funcionava quando se tratava de amor.
Quando me aposentei, finalmente pude acessar meu tempo interno e perceber o quanto me agredia e o quanto perdi com o imediatismo.
Hoje não pulo mais da cama, me espreguiço antes de me levantar, faço uma oração e com calma me preparo para mais um dia, sem planos previamente preparados. Estou aprendendo a lidar com o tempo de Deus.
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