Silêncio

  

“O espelho é o maior dos silêncios, só eu e eu”. Matilde Campilho 

 

No mundo de ruídos, é difícil cultivar o silêncio. Ruídos de todos os tipos, desde o burburinho à buzina de carros, são tantos e o tempo todo que precisei criar um mecanismo que os neutraliza: 

ou o substituo por outro som, como a música, ou ruído por ruído, como o do ar-condicionado. Ainda que essa estratégia funcione, não evita que os ruídos penetrem nos ouvidos e produzam efeitos. 

 

O mesmo acontece com os ruídos mentais. Tento abafá-los focando a atenção em outras coisas, mas eles continuam a existir como pensamento de fundo.

 

O exercício do silêncio exige a atenção plena, focada no aqui e agora, deixar que os pensamentos venham e deixá-los ir. 

 

Mas surge o medo de que surja aquilo que estou evitando entrar em contato. Tenho a fantasia de que algo terrível e monstruoso descobrirei a meu respeito.

 

À medida em que vou me conhecendo, fica mais fácil ficar em silêncio, ainda que resista a ele por força do hábito.

 

Não é fácil ficar frente a frente comigo mesmo, com minhas dúvidas, meus medos, minha ignorância, meus defeitos. Por isso a convivência é importante, porque o outro revelará aspectos meus que não quero ver, é o espelho indesejado, mas tão necessário. 

 

Silenciar é preciso, para escutar a voz interior, para criar, para refletir sobre mim mesma, para me conhecer, para momentos de paz.     

 

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