Fale

  

“ O óbvio também precisa ser dito. Saber que alguém gosta de ti não é o mesmo que ouvir “gosto de ti”... O óbvio também precisa ser dito porque às vezes o silêncio confunde, e o que parecia claro, começa a desvanecer...” André Nobre Duarte

 

Não sabia falar quando algo me incomodava, ficava amuada e o aborrecimento ia aumentando de tamanho. 

 

Tinha o hábito de dizer que não era nada, quando alguém me perguntava o que eu tinha. Queria que o parceiro adivinhasse o que eu estava sentindo ou o que eu queria dele. 

 

Para mim, ser ouvida organiza meus pensamentos, me permite liberar emoções reprimidas, muitas ignoradas por mim.

 

O desafio é falar fora do consultório. Lá me sinto segura, sei que serei ouvida, não serei mal interpretada, nem vítima de alguém inconsequente que pode usar de maledicência, ou se aproveitar de minha vulnerabilidade.

 

Já me arrependi de abrir meu coração para a pessoa errada e essa experiência me travou em oportunidades com outras que poderiam ser sadias.

 

O receio se torna mais forte quando quero falar o que sinto para alguém. Medo de ser rejeitada ou tratada com indiferença. 

 

Recentemente assisti um reality em que pessoas homoafetivas residinham em uma casa, com o objetivo de encontrarem entre eles um namorado.

 

O que observei foi que pessoas homoafetivas têm tanta dificuldade de se aproximarem quanto as heteroafetivas.

 

Ainda assim, o que mais me chamou a atenção foi a verdade e qualidade da expressão de sentimentos, a coragem em expor a vulnerabilidade. Tirei muitos aprendizados desse seriado.

 

Uma coisa que aprendi com o tempo é que é preciso escolher com cuidado a pessoa que será seu confidente.

 

Preciso aprender a falar o que não me agrada, quando sou afetada por algo que alguém fez. 

 

Também declarar respeito e admiração, falar eu te amo de forma responsável, se tiver segura de meus sentimentos.

 

Quero aceitar que nem todos gostam de mim, que nem sempre haverá afinidade, nem interesse. Quero não ter inveja ou ciúmes de quem tem uma relação afinada mas cultivar o tipo de relação que desejo. 

 

Exercitar a reciprocidade espontânea, cultivar relacionamentos, sejam de amizades ou afetivos. 

 

Mas nada disso será possível se eu não me aventurar na comunicação cuidadosa, sincera e oportuna. Saber quando e com quem falar, saber quando silenciar.

 

Falar o que vem do âmago do meu ser é terapêutico tanto para mim quanto para quem houve.

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