Falando de amor - Virgínia Leal
Para falar de amor, há que tratar do sofrimento.
Não porque o amor magoa, o que dói é a ele fundirem-se
qualidades e afetos enfermos;
imagine o amor num pavilhão de espelhos,
a projetar múltiplas imagens, sem que se saiba qual é a real.
Se o amor soubesse quanta expectativa lhe pesa
desfaria exigências e ilusões,
conjugaria temer e esperar no pretérito
e se manteria no presente.
Para falar de amor, há que convidar a alegria,
catalisar bem-estar e gozo, usufruir da zona de conforto,
dar asas aos sonhos.
Se o amor soubesse quanto sofrimento
lhe atribuem,
rejeitaria a autoria,
negaria sacrifícios,
recusaria padecer no paraíso,
erradicaria domínio e submissão
não permitiria ser colocado no pedestal
impediria que se morresse de amor
proibiria invocar seu sagrado nome em vão.
Para falar de amor, há que invocar virtudes
que afastem o egoísmo, a prepotência e a desconfiança.
Para falar de amor, há que aprender a amar.
Comentários
Postar um comentário