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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

Amar

  Algumas pessoas não entendem por que gosto de doramas e por que costumo fazer maratonas deles. Eu achava que era porque eles eram românticos e me tiravam da realidade, eu entrava no clima de fantasia.    Hoje me veio uma resposta mais consistente. Quando assisto um filme, uma peça teatral, um seriado, entro nos personagens, sinto o que eles sentem.    Talvez por isso não goste de filmes de violência, terror e suspense. Os doramas me comovem e sinto afeto. Enquanto estou assistindo eles estou amando a história de amor, como eles interagem, momentos de carinho e delicadeza.    Cheguei à conclusão de que o que me atrai numa relação não é ser amada, mas como me sinto.   Amar não precisa de objeto, posso depositar em qualquer um, no que faço, na vida, em tudo isso ao mesmo tempo, ou apenas sentir uma sensação de bem estar indefinida.    Esses momentos de meu dia me nutrem, e me dão impulso para fazer qualquer coisa. Amar é a força motriz qu...

Desapego

    Comecei a sentir dores nas articulações. Num primeiro momento tive medo de que esse estado fosse permanente. Depois fui em busca de ajuda para amenizar a dor. Olhando para trás, sou grata por só agora estar nessa condição.    Tudo na vida muda, se não muda é porque estou na contramão do fluxo, remando contra a maré. Ainda assim, já não será mais a mesma coisa. Não se pode forçar a alteração do estado das coisas. Se elas não mudam, mudo eu, ainda que não perceba.   Por isso, o desapego é necessário. É importante viver como se fosse o último dia de qualquer coisa, da convivência, da viagem, da festa, do verão, do perfume preferido, do último biscoito do pacote. Nada é permanente.   Aproveitar o máximo do que é bom, e lidar da melhor forma possível com o que é ruim. Nem terminar de véspera, na ilusão de que controlo o tempo, nem tentar prorrogar o que já acabou.    O desapego não é o mesmo que rejeitar, abandonar, virar as costas. É simplesmente ...

Fases da vida

    Sempre que eu passo por uma mudança significativa as roupas que uso não me servem mais. Até mesmo quando emagreço as roupas que cabiam em mim já não ficam bem, é como se o meu corpo tivesse tomado outra forma.    Cada um tem seu estilo próprio de se vestir, entretanto, o estilo se altera, à medida que mudamos.    O jeito de se vestir diz muito sobre a pessoa, é um dos elementos importantes da imagem que se quer passar. Roupas ousadas, que acompanham o padrão da moda, indecentes, conservadoras, despojadas, desleixadas. Quem não quer ser visto como alguém que se veste bem, que tem elegância?   Nas minhas mudanças de fase, acontece de eu passar um tempo no vazio:  a vestimenta atual não me serve mais, mas ainda não sei qual representa quem sou agora.   Mudar o guarda-roupa para ajustá-lo ao meu novo eu não é uma tarefa fácil. Pior é continuar usando o figurino de quem não sou mais.    Quando a mudança acontece, costumo doar as roup...

Vida no tempo

  “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.” Soren Kierkehgaard   Minha vida percorre um caminho, escreve uma história, a história lapida quem sou. Cada experiência, cada convivência, cada memória me constitui.   Quando folheio velhos álbuns de fotografia, vejo as muitas que fui, minha aparência mudava a cada fase.    Para estar no presente sem interferência do passado é preciso visitá-lo, para elaborar uma narrativa mais coerente com a realidade. Essa nova narrativa muda minha história de vida e repercute no meu eu de agora.    Quem eu fui contribuiu para quem sou agora, quem sou agora influencia meu eu do futuro. Passado, presente e futuro estão interligados pelo fio do tempo que me unifica.   Olhar para frente não significa focar no futuro, mais apropriado seria olhar em meu entorno, me situar no presente e manter-me nele, porque só há vida no aqui e agora.    Olhar para tr...

Causa e efeito

    Vivi três relacionamentos abusivos,  e enquanto pensava assim, não via o quanto colaborei e contribui para que eles fossem assim.   Estou só há muito tempo, e atribuí a isso o fato de que eu desperdicei a oportunidade de ter um relacionamento feliz.   Ao ouvir alguém dizer que a vida é paciente, que ela repete as lições tantas vezes quanto for preciso, entendi que esse tempo só não é uma punição, mas sim uma bênção. Significa que essa lição eu aprendi.   Sempre achei que estar num relacionamento era uma tarefa que precisava cumprir. Cheguei à conclusão de que minha missão é aprender a viver só. Ao pensar assim, meu propósito de vida mudou e não tenho mais ansiedade, culpa ou remorso.    Se nesta vida eu estiver pronta para um relacionamento sadio, ele virá ao meu encontro. É uma nova forma de ver a lei de causa e efeito. 

Prisão mental

    Já houve um tempo em que fui tomada por pensamentos recorrentes e circulares, expectativas irreais, fantasias impossíveis de se concretizar, crenças equivocadas, medos infundados.   Enquanto estava aprisionada a esse ciclo de pensamentos, não conseguia enxergar a realidade, nem novas possibilidades que o presente me oferecia.    Uma das prisões mentais mais difíceis de me libertar foi a crença de que eu poderia satisfazer os caprichos de meu ex-marido. Quanto mais me esforçava, mais insatisfeito ele ficava, então eu me empenhava mais, sem sucesso.    Demorou para eu entender que não era minha tarefa agradá-lo, nem era isso que ele queria. Na verdade, eu agia assim para ser validada por ele, e para receber dele o que eu queria em troca.    Só me libertei dessa prisão mental quando cheguei à exaustão e desisti do intento. Aprendi que ninguém é capaz de fazer alguém feliz. Eu insistia em fazê-lo feliz porque não conseguia lidar com a insatis...

Certezas

  Costumava dizer que não era fácil eu mudar de opinião, que só aceitaria outro ângulo se fizesse  sentido para mim. Não era fácil me demover das minhas “verdades”, que nada mais eram do que crenças.   Sempre fui teimosa, não arredava o pé  se estivesse convencida de algo. Muitas vezes nem queria ouvir opiniões divergentes da minha, tinha medo de abalar minha convicção. Acreditava que se isso acontecesse iria desmoronar meu alicerce conceitual e ficaria sem nada.   A certeza é inimiga da mudança, do crescimento pessoal, da expansão em todos os sentidos. Ela é aliada da rigidez que causa intolerância, separatividade.   Para haver mudança, é preciso duvidar.  A dúvida não permite o engessamento de ideias, ela questiona, critica, se abre a novas perspectivas.    Só há fé porque existe dúvida. Fé sem questionamento beira a fanatismo. Quem tem fé não abre espaço para certezas.       Não há mudança sem autoaceitação  e a au...

Trajetória

    Minha inocência foi violada. Oscilo entre astúcia e ingenuidade. Sou crédula demais.   Em mim, redenção e degradação  caminham juntas. A máscara de antes não me cabe mais. Me vejo exposta, sem ter onde me esconder.    Sou multifacetada, em cada face uma vertente, uma inclinação. Tendo a variar,  a girar a roda da fortuna, na ilusão  de enganar o destino.    No fim de tudo, juntarei meus pedaços  e  os serzirei com linhas conciliadoras,  na esperança de me tornar única. 

Excessos

  “Exagerado, jogado a seus pés, eu sou mesmo exagerado.” Cazuza   Tudo em mim transborda, por isso não caibo em nenhum padrão.   Minha alegria beira à euforia,  minha tristeza se avizinha à depressão, raiva converte-se em ira, medo torna-se pânico.    Os filmes me comovem a ponto de doer.  A beleza me enternece. Engordo,  na ilusão de que o aumento de volume pode me conter. Eu vejo mais além, percebo o que não posso descrever  em palavras.    Minha sensibilidade é intensa, sinto através dos poros, meu sangue ferve,  o coração acelera, me arrepio os pelos, sinto com todo meu corpo.   Tudo em mim é demais, então congelo,  a paralisia me domina, me deixa estática. Alterno entre excessos e não sentir.    Sinto intensamente, às vezes dramatizo. Mesmo assim me sinto viva, vibrante, energizada.    Me pergunto como saber o que é “normal” e o que é excesso, quais são  os parâmetros, tendo quem ou o qu...

Meu diário para a liberdade

    O título desse texto é o mesmo de um seriado coreano diferente de tudo que assisti até agora. Os personagens falam sem filtro do que sentem e pensam a respeito de si mesmos. É como se eu pudesse entrar na cabeça deles e ver o que acontece, as contradições, as incoerências, os devaneios.    Isso me fez pensar o quanto eu sou sincera comigo mesma. Talvez eu seja quando escrevo, mas não sou enquanto sinto e penso. Quem sabe isso só pode ser possível em uma ficção. Ainda assim, sempre cuido de terminar o texto com uma solução, como se não desse conta de ficar consciente desse estado mental por muito tempo. Acho que é nessa finalização que fujo de mim mesma.    Os personagens tentam se libertar de algo objetivo, como fingir que está feliz ou deixar de se sentir fraco. Na minha perspectiva, eles já são livres por conseguirem se expressar sem censura, não só para eles próprios, como para outras pessoas. Quem sabe eu consiga fazer do que escrevo meu diário para...

Sonho

  O sonho de ter um lugar ao sol nunca foi meu. Os caminhos sempre se abriram fáceis para mim. Tudo que planejei conquistei.    Não era esse meu sonho, andei na contramão do meu sonho a vida toda. Criei uma armadura que o afastava,  não me achava merecedora, já que tinha tanto. Vivi olhando para fora, cega por dentro. Eu não me via.    Dei muitos sim quando deveria dizer não  muitos não quando deveria dizer sim. Continuo dando não, por achar ser tarde demais.   Já me retalhei e me costurei de várias formas. Precisei renascer para ver quem sou e o que quero. E o que eu quero é tão simples.   Um passo firme e determinado é o que preciso. Um passo após o outro, sem olhar para trás.   

Movimento

  “Não importa o destino, o importante é estar em movimento.” Mr. Plankton (Netflix)   Não sou de me contentar com o raso,  só molhando os pés Mergulho nas profundezas da vida Toco no fundo e volto, se me demoro me falta ar Sigo a correnteza e quebro com as ondas Pernas e braços me bastam para nadar  nas águas torrentes Debaixo d”água tudo é silêncio O silêncio fala Enquanto estiver em movimento, sou una com as águas da vida.

Meu diário para a liberdade

  O título desse texto é o mesmo de um seriado coreano diferente de tudo que assisti até agora. Os personagens falam sem filtro do que sentem e pensam.  É como se eu pudesse entrar na cabeça deles e ver o que acontece,  as contradições, as incoerências,  os devaneios.    Isso me fez pensar o quanto eu sou sincera comigo mesma. Talvez eu seja quando escrevo, mas não percebo quando sinto e penso. Quem sabe isso só pode ser possível em uma ficção. Ainda assim, sempre cuido de terminar o texto com uma solução, como se não desse conta de ficar consciente desse estado mental por muito tempo. Acho que é nessa finalização que fujo de mim mesma.    Os personagens tentam se libertar de algo objetivo, como fingir que está feliz ou deixar de se sentir fraco. Na minha perspectiva, eles já são livres por conseguirem se expressar sem censura, não só para si mesmos, como para outras pessoas. Quem sabe eu consiga fazer do que escrevo meu diário para a liberdade? ...

O dilema da escolha

  “Homem está condenado a ser livre”  Jeam-Paul Sartre      Eu sempre achei que não tinha dificuldade para escolher. Na verdade, minha escolha era inconsequente, agia no impulso. Fazia uma opção para sair do dilema de ficar entre mais de uma.    Agora estou no outro extremo, procrastino minhas decisões. Esse era meu receio de demorar a decidir.    Seja qual for a minha escolha, sei que vou me arrepender, assim diz Kierkegaard. Toda escolha traz em si frustração, porque toda ela tem prós e contras. Quando o caminho escolhido começa a ficar difícil, fico imaginando como seria se eu tivesse feito outra escolha.   A liberdade tem preço, e o preço é passar a vida escolhendo entre muitas opções.    E não adianta seguir a escolha de outrem, ou ficar em cima do muro, porque ainda assim estarei decidindo agir assim.    Quando estou angustiada em fazer uma escolha, me pergunto qual das opções beneficia não só a mim, e sim a mai...

Esforço vão

  Me esforço em entender minhas mudanças de humor o porquê da aflição, da angústia   Me empenho em escutar as vozes que ora sussurram ora gritam dentro de mim   Tento descobrir o que está por trás do silêncio sem resposta da ansiedade sem nome Há um inimigo em mim que me sabota esconde quem eu sou   Me esforço, mas não encontro eco não escuto a mim mesma me sinto sem norte, sem rumo   E assim vou vivendo e a cada dia insisto em conhecer esse torvelinho de sensações querendo delas respostas que elas não têm. 

Individuação

  Nós somos a soma de todos com quem interagimos, daquilo que aprendemos, das crenças que adotamos, muitas vezes sem nem perceber.   Quando eu me divorciei, passei um tempo só para separar o que era meu do que eu internalizei de meu ex-marido. Nesse processo, descobri o quanto eu absorvi dele, pensamentos e atitudes que não eram minhas, percebi o quanto era influenciável. Iniciei a jornada da individuação.   Foi um processo difícil. À medida que eu abandonava padrões que não eram meus, o vazio aumentava, até começar a autorrevelação.    Nessa busca, entrei em contato com minhas sombras, aspectos que nem sabia que tinha, acreditava que eu era a máscara que apresentava aos outros.    Sustentar o vazio até surgir algo de forma espontânea foi importante. Caso contrário, acabaria adotando de novo aquilo que não era meu.    Até hoje continuo aprimorando minha autenticidade, saber quem sou, do que gosto, atitudes coerentes com o meu ser.  ...

Sensibilidade

    Por muito tempo usei me retirar emocionalmente como defesa, achando que assim controlaria minhas reações.  Eu conseguia me conter, mas como depois não elaborava o que sentia, quando baixava a guarda a reação surgia e me pegava de surpresa.   Levei muitos anos para aprender a não bloquear a emoção, a senti-la, ao mesmo tempo em que me continha para não a despejar em alguém.    Quando sou afetada pelas emoções dos outros fica mais difícil controlar a minha.    Ouvi alguém dizer que a mente não sabe distinguir a realidade da fantasia, isso acontece com meu sistema nervoso também. Não consigo assistir filme em que tenha suspense, perigo, crueldade porque naturalmente entro no personagem e sou profundamente afetada.    Tem um agravante em mim, que é demorar a liberar a sensação correspondente.    Como sou canal para a espiritualidade, muitas vezes atraio energias negativas, porque reduzo meu nível vibracional.    Por o...

Ainda estou aqui

  Não consegui assistir o filme até o fim. Sou empática, me transporto para a cena, incorporo o personagem. Cenas de crueldade me afetam muito.    Sei que esse filme é um registro de nossa história enquanto país para não cair no esquecimento e para contá-la aos mais jovens que não foram desse tempo.     Eu e meus irmãos fomos protegidos emocionalmente pelos nossos pais. Em casa só havia silêncio sobre o que estava acontecendo. Então pudemos ter uma adolescência normal, sem sobressaltos.    Mas a amiga que foi comigo ao cinema não teve essa mesma sorte, por isso, sua reação foi mais forte. Ela ficou paralisada em estado hipnótico até eu insistir em sair da sala. Teve uma pequena crise nervosa.    Tivemos a oportunidade de não assistir o filme, por equívoco comprei o ingresso na hora errada, a sessão já tinha começado.    Mas acho que era para a gente assistir, porque quando fomos falar com o mesmo empregado que nos assistiu, ele...

Salto no escuro

    Minha terapeuta costuma dizer que “não consigo já morreu”. E ela tem razão   Quem transforma limites em barreiras  Quem enrijece os limites para não me tornar maior sou eu.   Deixo que o medo dite o que posso  ou não ser Meus limites são determinados por desconfiança e falta de fé Desconfio que Deus proverá,  da benignidade da vida, temo a escassez   Me apego ao ditado que diz: “não dar o passo maior que minhas pernas” e assim não testo minha flexibilidade para não dar passos maiores   Sigo na contramão da vida buscando segurança e estabilidade. Não solto, não me entrego.   Não posso mais dizer que não consigo  para esconder minha covardia. Eu poderia ter sido mais arrojada, mais impetuosa em minha expansão       Não dá mais para viver contida em contornos que não me deixam crescer Preciso dar um salto no escuro, pular no abismo, ainda que tenha medo, ainda que desconfie. Se não der certo, pelo menos não viverei e...

Inundada de afetos

      Tem horas que sou inundada por  tantos afetos que não dou conta   Sou receptiva ao lago  mas luto para não ser engolida pelo sorvedouro   Aquilo que em mim transborda me afoga  Então me refugio na montanha me demoro ali   Tenho muitos afetos  e pouca capacidade de sentir era no que eu acreditava    Se tenho tantos afetos e os retenho então estou apta a senti-los me falta coragem de romper a represa

Vazio

  Vazio   É como eu estivesse  flutuando no vazio sem ter onde me agarrar solta e sem rumo   uma libélula à procura de luz não tem onde pousar no escuro da imensidão   meus contornos se dispersam sou o escuro, um ponto  que compõe o vazio Sou nada    Será que a morte é assim? Dissolver para unificar? Terei consciência de mim? Pensamentos soltos Sentimentos peregrinos Sem encontrar forma?  

Conversar é necessário

    Só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: ‘continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?’. Nietzsche    Imagine como seria a convivência prolongada depois que o sexo não for mais prioridade, os filhos seguirem seu rumo e não haja nada para conversar. São apenas pessoas que dividem a mesma casa e obrigações.    Em nenhuma de minhas relações meu par gostava de conversar. Eu até puxava um assunto, mas não encontrava eco. Um deles até falava, mas eram só queixas e lamentos. Em outro havia muita competição, então não havia conversa, só disputa.    A falta de diálogo foi causando distanciamento  entre nós, a distância levou ao desinteresse, o desinteresse foi minando o amor.    Diz o senso comum que o homem não gosta de conversar e não é bom ouvinte. Meus relacionamentos confirmaram isso, mas não dá para generalizar.   Por outro lado, eu só falava quando algum problema tomava meu d...

Consciência e inconsciente

    “Às vezes uma pessoa faz seu coração bater, você nunca viu essa pessoa na vida, porque não é a matéria que comunica, o que comunica é a força do espírito.” Sérgio Felipe de Oliveira   A comunicação é a função que me habilita a interagir com os outros e é regida pela mente, pelo repertório que disponho para me entender e me fazer entender.   Mas a mente não é capaz de criar vínculos. Posso ter uma boa capacidade de articulação, ter clareza no que digo ou no que escrevo, e isso não tocar o coração das pessoas.    A sensibilidade é energética e vem do espírito. É por isso que há pessoas que me atraem e outras que repilo.   Há em mim uma dimensão que extrapola meus contornos e que é apreendida pelos sentidos, algo que afeta a pessoa com quem estou interagindo. É assim para todo mundo.   Essa dimensão tem vários níveis, o nível energético, principal deles, sensibiliza e se comunica com a energia de outrem.   Tem o nível que me é desconhecido e...

Desconfiança

    Sobre isso, há em mim um paradoxo.  Não confio de cara, preciso de um tempo de observação. Por outro lado, há pessoas que me inspiram confiança sem que eu tenha nenhum parâmetro.    É possível que eu já tenha tido uma boa experiência espiritual com elas sem nem mesmo conhecê-las. Mas pode ser também que elas me seduziram e eu perdi o discernimento, eu me apaixono fácil.    O meu nível de confiança nas pessoas, no mundo e até mesmo em mim é revelado quando vou dormir. Sou tomada por pensamentos circulares de algo que nem sabia que estava me perturbando.  O tão conhecido “se” me toma, e aí há uma desconfiança generalizada e irracional.    Quando isso acontece, procuro na mente o que está por trás da suspeita, o que realmente temo. Quando não encontro resposta, busco na memória lembranças agradáveis, mas isso não evita que eu acorde sobressaltada mais de uma vez na noite.    Tenho desconfiança nos outros porque não confio em m...

Entrega

  Me perguntaram se eu estou disposta a entregar a direção de minha vida a Deus.   No primeiro momento minha resposta foi não. Ainda não estou pronta para renunciar a hábitos e vícios que são nocivos, mas que me dão prazer. Minha consciência imatura tem receio de que a Vontade Dele exija algo que não estou disposta a dar. Minha crença é de que a Ele é exigente e severo.   Na verdade, o que me impede de me entregar é a vontade menor do ego. Sei que essa vontade é mesquinha e egoísta, muitas vezes me incita a fazer algo nocivo para mim e para os outros. O ego tem medo de perder o controle de minha vida. No entanto, nada mais seria tão desejado pelo meu eu real.   Acho que iniciar uma queda de braço com ele certamente eu perderia, meu ego é forte. Por essa razão, sigo agindo de acordo com o que penso ser a Vontade Dele, e aos poucos vou enfraquecendo o ego. Peço a Ele que me ajude a exercitar a disciplina e o discernimento, para que eu consiga separar o que é Dele e o q...