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Mostrando postagens de maio, 2024

Ressentimento

  Achava que não tinha ressentimentos porque revidava na hora. Pavio curto, não levava desaforo para casa. No entanto, quando o fato era significativo, quando me sentia impotente, ou envolvia alguém que eu amo, eu não reagia e mantinha em mim o desejo de vingança.    O ressentimento é uma vingança adiada, aguardando o momento propício para  se realizar. Eu ficava relembrando  e remoendo o que ocorreu, sustentando   e revivendo a emoção. A covardia não  me deixava agir, tinha medo de ser rejeitada, medo das consequências.   Mas nutria o prazer de ver o suposto agressor sofrendo e se dando mal.     O ressentimento é um veneno que vai ampliando seu efeito danoso com  o tempo, que interrompe o leve fluir   da vida de quem a sente.     Entendi o quanto só a mim prejudica  o ressentimento e hoje procuro exercitar   o perdão, não apenas de quem tenho ressentimento, mas de mim mesma por me maltratar.  

Gerenciar emoções

  Não é fácil controlar emoções, minha sensibilidade é reativa. Teve um tempo em que eu tentava congelá-las. Não funcionava, qualquer estímulo as derretia e elas chegavam abrasivas.    Aprendi que a história do acontecimento que detonou a emoção não é importante, o importante é como eu reagi a ela  e como a interpretei, que correlação eu fiz com algo do passado que criou e definiu   o padrão disfuncional de resposta emocional.     O trauma não tem origem em um fato, ele é deflagrado pela resposta dada ao fato.  A ocorrência em si é neutra,  só desencadeia o trauma diante  da fragilidade emocional. O descontrole emocional é escravizante.     Gerenciar emoção consiste em aprender sobre o sistema disfuncional familiar que governa minhas emoções. Um padrão que se tornou habitual, por isso  é recorrente. É capacitar a vontade consciente para comandar a energia emocional.    Preciso focar na ação, na atitude que mudará...

Faces da felicidade

  A felicidade tem muitas faces, e em todas elas há equilíbrio e autorregulação.    Sou feliz quando estou em sintonia com  a espiritualidade e vou de encontro  à minha essência, quando meu foco  é a busca de mim.    Quando entendo que a minha essência não é estática, ela se move comigo,    e se adapta à minha realidade  do momento.    Quando acolho a tristeza, mas não lhe dou abrigo, vivo a alegria, mas não me apego a ela, porque sei que tanto  a tristeza quanto a alegria são passageiras.   Quando me permito ser teimosa, ter medo e sentir orgulho, para observá-los e assim ter domínio sobre eles.    Quando por mais que a vida seja difícil,  eu não deixo de nutrir a criança que há em mim, de valorizar momentos lúdicos,  de encontrar um tempo para sorrisos  e folguedos.    Quando ainda que o dever me chame  e eu o atenda, eu possa me autorregular,  equilibrar dever e pra...

O equívoco da autorreferência

  Todo ponto de vista é formado  a partir do acervo de informações  e conhecimentos pessoais,  das conclusões tiradas das experiências  e da influência das crenças adotadas.  O entendimento do mundo acontece sob esse enfoque.    O equívoco está em  aplicar  esse mesmo procedimento para entender alguém. O modelo autorreferente interpreta o outro utilizando premissas pessoais. Ao agir assim cria-se  a expectativa de que ele sinta, pense  e aja como a si próprio. Pensar dessa forma é uma ilusão e leva à frustração, porque não existem duas pessoas iguais. Portanto, não se deve esperar  de ninguém uma atitude que não é a dele, ou algo que ele não tem para oferecer.    A autorreferência projeta no outro quem  a pessoa é, e distancia o autorreferente dela. A única forma de conhecer alguém  é tendo curiosidade de saber quem ele de fato é, do que gosta, quais são suas prioridades, seus valores, seus defeito...

O mistério e seus fascínios

  Desde sempre tenho interesse pelo enigma do eterno, do infinito. Sempre fui curiosa por temas existenciais, de magia,  do inescrutável, do sagrado, da alma.     É um campo inesgotável que se amplia  à medida que se investiga, que  é apenas perceptível, captado pelo sensível e foge à lógica racional.    O mistério me impulsiona a criar imagens, a dar um formato, cores, a experimentar sensações inomináveis, a viajar  em dimensões metafísicas.    Busco decifrar o mistério sobre mim,  da ordem do inconsciente, dos vários eus e do divino que me habitam.    O mistério me move em direção  ao imponderável, à seara das ideias,  cria possibilidades outrora inadmissíveis.    Tenho fascínio pelo mistério da vida,  da existência, do ser, da essência  de tudo. É como navegar nas águas  do desconhecido, sem expectativa  de entender, vivendo apenas   a experiência.   ...

Associações

  Associações   Lembranças são invenções que eu crio para dar sentido ao que lembro e sinto. Não preciso buscar lembranças, elas  se impõem. Qualquer estímulo   é um gatilho para elas virem à mente   em cadeia, e se não interrompo  as divagações, me perco nelas. É como se a memória estivesse à beira   da consciência.   O difícil dessa condição é que quase sempre elas vêm acompanhadas  de sensações e emoções que  me desestabilizam. Não importa o tempo   em que elas tenham acontecido ou que estejam armazenadas na memória, quando surgem são sempre atuais.    A minha mente é associativa, faz links  e conexões de forma automática,   e me revela mágoas e tristezas que preciso soltar, e efeitos que ainda não superei causados por certas situações, circunstâncias e eventos.    Quando a lembrança está curada, ela chega de forma neutra, como  se eu estivesse assistindo a um trecho  de filme na tela da me...

Meu mestre

  Sou questionadora e não aceito com facilidade o argumento do outro, embora não o descarte. Quando chega a fazer sentido, quando sinto que tem uma base sólida, quando o ponho à prova, só então eu o acato.   Para eu assimilar um ideia, ela precisa ressoar em mim. É comum eu rejeitá-la no início, mas ela vai sendo processada em um nível subliminar no meu consciente, e chega o momento que  ela emerge como nova, porque me apropriei dela.    Algumas pessoas podem até ser oráculos, que me ajudam a relembrar  o que eu já sei. No entanto, meu mestre  é minha alma, minha autoridade interna, é ela que me conduz, que traça   meu caminho, que escreve minha história. Ela me leva ao campo das ideias  e me mostra aquelas que eu já estou pronta para integrar. 

Dando boas-vindas à ilusão

    Tentei viver sem ilusão, mas a vida ficou muito triste, tornei-me descrente  e amargurada. Nesse estado de ânimo passei a vê-la por uma lente pessimista, não via mais sentido em nada.   Afinal, ao rejeitar a ilusão, excluí também eventuais oportunidades, o que tem pouca probabilidade, ou algo que apenas está demorando a chegar. O que penso ser ilusão pode ser o real que ainda não chegou, algo que desafia o impossível, ou pode ser mais uma artimanha do auto boicote ou da auto traição.     Não sei o que a vida me reserva, mas quero crer que ela prepara algo de belo  e bom para mim, ainda que não seja  o que desejo.       Percebi que estou muito autocentrada  e que o contentamento está na partilha, no convívio, na interação. Senti alívio em pensar assim, agora é só praticar.   É tênue a linha divisória entre realidade  e ilusão, e o que penso ser ilusão pode ser a realidade e vice-versa, nem toda ilusão é má. Dou boa...

Contradição

    Gosto do ócio, mas também queria ter com que preencher o dia. No entanto, não quero obrigação, tudo que me exige continuidade considero obrigação. O que não é obrigação fico adiando, não tomo iniciativa. No entanto, em alguns momentos sou impulsiva.   Tem dias que estou com os nervos à flor da pele, sinto tudo muito intenso, não aguento ouvir nem música. Há uma falta inexplicável, daquelas que, ao invés  de me mobilizar para satisfazê-la,  me deixa desanimada, tenho a crença   de  que não é possível preenchê-la.    Identifiquei em mim um prazer negativo em estar nesse lugar. Em contradição, quero sair dele, mas não me movo,  é como se estivesse sendo empurrada contra a parede, sem ver saída.     Sinto falta da rotina e da disciplina,  mas receio cair no tédio. Uma voz insidiosa pergunta, para quê?   A liberdade cobra o preço de fazer escolhas, de ser dona do meu nariz.     Quando estou assim, me sac...

Noite e dia

  Dentro de mim há um sol e uma lua. O sol me ilumina as ideias, me dá clareza, entusiasmo, vontade de viver. A lua  me deixa introspectiva, recolhida dentro de mim. A alternância entre o sol e a lua segue um calendário próprio, de acordo com meu estado de ânimo e de como sou tocada pelos eventos da vida.   O sol pode se tornar insuportável  se acesso um conteúdo   do inconsciente difícil de lidar. A lua pode me arrastar para a melancolia, se escolho um caminho que nem ela me alumia.   A cada experiência significativa que passo, sou afetada por sensações e sentimentos que me turvam as ideias e preciso mergulhar na penumbra da lua até conseguir atravessar esse momento.  O sol faz o seu trabalho trazendo lucidez. Depois volto à companhia da lua para integrar o aprendizado. Assim como preciso do sol para me mover para fora, preciso da lua para me voltar para dentro.    

Intuição

    Estamos acostumados a usar a mente para todas as questões da vida, mas nem sempre ela se aplica. Chega uma hora em que ela não avança, não ultrapassa  os limites, especialmente quando está impregnada de emoção.    A intuição é algo que emerge  de uma saber que não passa pela razão, que não se tem conhecimento prévio, vem de um acervo colhido da sabedoria interior de que nós todos somos detentores.    É uma percepção captada pelos sentidos, uma impressão que vem de uma instância do eu diversa da inteligência racional.  A intuição muitas vezes surpreende, porque traz um conteúdo que  a consciência não registrou, e se ignora  de onde ela veio. Às vezes sua orientação parece não fazer sentido, contraria  todos os argumentos da lógica,  o que se convencionou por bom senso,  e, no entanto, o resultado nos livra  de um perigo, nos dá uma solução  que a mente não previu, e que beneficia  a todos. ...

Compartilhamento

  Quando divulgo o que escrevo, não estou partilhando, repartindo, dando a cada um uma parte do escrito, estou compartilhando, multiplicando o conteúdo para várias pessoas que, por sua vez, podem fazer a vez de multiplicadores. Na mitologia, a jornada do herói finaliza quando ele chega a um aprendizado, depois de cumprir todas as tarefas que lhe cabem, e volta para compartilhá-lo com a humanidade.  O que ajuda as pessoas a se entenderem e a não se sentirem sós naquilo que sentem é o compartilhamento  de sentimentos e emoções,   de experiências vividas, de como cada um foi afetado e lidou com elas.  O fato é um acontecimento passado,  se ainda não aconteceu não é fato.  Em se tratando de autoconhecimento, não adianta tentar antecipar os fatos.  Faço terapia desde jovem, demorei muito a me abrir porque sequer sabia o que  se passava dentro de mim.  Às vezes guardava para mim, por achar que certas coisa eram sem importância ou porque tinha ...

Viajante de mim

    Minha jornada não tem fim, sou  peregrina de mim. Sou embrião   em gestação, preparando um novo indivíduo.    Despojada de mim, não tenho rosto  nem corpo, sou uma amálgama flexível,  Entregue ao tempo que remodela  o que se desmanchou.   Desgarrei-me de mim, sem cais para   me atracar. Sigo com essa dor latejante  de parto, me esforçando para  renascer.    Continuo viajando sem eira nem beira, sem identidade, sem saber quem serei,  sem conhecer-me o destino, mas confiando no fluxo da vida  e na sua sabedoria. Já fui e voltarei  a ser um porto seguro, hoje é só mais uma possibilidade. 

Sem utilidade

  Construí minha vida tendo a utilidade como base. Achava que só seria aceita  e amada se fosse necessária. Queria  me tornar indispensável, assim não seria abandonada. Foi assim no trabalho, foi assim na família, foi assim  nos relacionamentos.    No trabalho, produzia mais do que  os outros, na família, era quem enfrentava  e solucionava problemas,  nos relacionamentos, oferecia mais  do que dava conta de dar. Com isso, não me preocupava em estabelecer  uma conexão profunda com os outros. Para manter o meu status  de credora eu dava, mas não aceitava ajuda.    Quando a máquina humana falhou, reconheci minha impotência em agradar  a todos, percebi que estar no pedestal   me mantinha distante das pessoas. Entreguei o bastão.    A sociedade criou esse padrão  de utilidade e incentiva as pessoas  a agirem assim. A verdadeira estima não deveria considerar o que o outro tem  a ofere...

O orgulho é uma máscara

    Equivocadamente costumamos dizer que estamos orgulhosos de algo  ou de alguém. O orgulho é uma máscara, por trás dela há insegurança e baixa autoestima. Orgulho abriga  a arrogância e a prepotência.  A máscara não consegue esconder  o tempo todo, alguma coisa aparece pelas frestas, uma hora o que está oculto se revela.    Quem é humilde não tem orgulho porque sabe que não é perfeito, acolhe e trabalha suas imperfeições, aprimorando  as qualidades correspondentes.    O orgulho oculta a descrença de que somos capazes de alcançar a sabedoria, e nos torna toscos. Quem busca  a humildade é capaz de sustentar  a altivez, que é a atitude de quem sabe quem é, e por isso pode ser assertivo.    Eu usei por muito tempo a máscara  do orgulho porque minha insegurança era tanta que me sentia ameaçada,  e me defendia do mundo afastando  as pessoas de mim. Para me firmar  nesse lugar, sempre que entrava...

Pessoas no caminho

    Tenho refletido sobre o que representaram algumas pessoas que passaram pelo meu caminho, mas ainda não tinha pensado o que eu representei para elas.   Eu entro e saio da estrada sem saber  qual percurso fiz com elas,  se o caminho era delas, meu ou nosso,  se fui eu ou elas a timoneira que  nos levou a um determinado porto,  se abandonei o barco antes de chegar  ao destino, se deixei o barco à deriva.  Pensando nisso agora, não sei sequer  se estávamos no mesmo barco  ou usando as mesmas coordenadas.   O certo é que cada um de nós seguiu em frente, encontrou novos companheiros  de viagem, escolheu trajetórias diferentes.    O intrigante é que eu entrei para ficar,  mas deixei a água minar no barco, convidei outras pessoas para embarcarem, e elas pesaram a ponto   de o barco afundar.     Me pergunto se para elas fui uma nuvem que nublou, mas não choveu, fogo  de palha que logo apa...

Provação

    Na escola da vida, com frequência sou posta à prova. Preciso estar atenta porque nunca sei quando o teste virá.  O bom é que não há reprovação,   as oportunidades de repetir o exame são infinitas, só que os testes vão ficando mais difíceis.    O erro faz parte do aprendizado,  o importante é identificá-lo e corrigi-lo. Como aluna esforçada, estou sempre disposta a aprender, tenho sede   de conhecimento.     A prova da vida é prática e o aprendizado é gradativo, de acordo com o nível  de aproveitamento de cada um.  Às vezes eu sei o que fazer, mas  a reação emocional me confunde.  Uma das provas mais difíceis  é a de educar as emoções.     Outras vezes erro porque quero fazer  do meu jeito, e nem sempre ele é o certo. Não adianta tentar colar de outra pessoa porque a prova é personalizada e requer experiência.     O ensino é espiralado, passo várias vezes pela mesma lição, só que num n...

Tempo fora do tempo

    Então é isso, nada a fazer, só agradecer. Tudo está em seu lugar, é só seguir com o fluxo. Os astros estão alinhados, nova estação chegando, o clima é ameno,  a brisa é suave. As nuvens exibem formas inusitadas, brinca com minha imaginação.  Sou preenchida de alegria e bem-estar,  a mente clara, o espírito leve. O dia   está em silêncio para eu ouvir a Boa Nova, Ela se renova em mim, tem nova aparência, conteúdo fácil de assimilar.    Então é isso, quanto tempo esse tempo fora do tempo vai durar não faz diferença, o que importa é o que fica a se eternizar.

Sombras do passado

  Sombras do passado   O passado mal resolvido me assombra. Mesmo sabendo do que deveria fazer, não me acautelei de eventuais rebordosas no futuro. Fiquei em conflito entre assumir o dano ou buscar reparação.    Deixei pontas soltas porque no fundo sabia que não estava honrando  o compromisso firmado. A raiz  do problema está no nascedouro   do acerto, impregnado de auto traição  e a emenda foi pior do que o soneto. Quando se é movido por intencionalidade negativa o resultado não pode ser bom.     Depois de muito resistir a assumir  a responsabilidade pelo meu erro, finalmente fiz as pazes com o passado.   

Casa bem cuidada

  Às vezes sonho pintando ou reformando  minha casa. Isso me deixa feliz, pois sei que em algum nível meu lar interno está sendo cuidado. Se eu sonho fazendo faxina, é porque em algum nível  minha casa emocional ou mental está bagunçada.    Aprendi com minha mãe a não deixar  a casa se deteriorar, pois dará muito trabalho consertar, além de aumentar  o custo.   Levo esse aprendizado para minha vida, tento não acumular pendências, sempre que posso procuro resolvê-las.   Também faço isso quando se trata  de questões e conflitos emocionais,  ao menor sintoma já me empenho  em buscar solução, mas procrastino  em algumas situações.     O corpo físico é minha morada, mantê-lo saudável e limpo ajuda a preservar  a saúde mental e emocional. Cuido  de minha morada interior, mantenho  a porta fechada, reforço os limites.   Quando a ordem está comprometida  é porque estou evitando encarar algo ...

Autorresponsabilidade

  Autorresponsabilidade   Quando eu cometo um erro por descuido ou negligência fico com raiva de mim  e desconto no agente que me causou  o prejuízo. Sinto a autorresponsabilidade me cobrar e o conflito interno se instala.   A mente sabe que eu devo assumir   as consequências do erro, mas é difícil me perdoar. Raiva e culpa  de um lado, acusar alguém do outro.  Aí surge a dúvida se devo cobrar ou não reparação, e o que devo fazer se houver recusa.     A culpa camuflada de raiva acontece por eu não ter dado o meu melhor, pelo ato relapso. Sinto culpa ao ser ferida  em meu orgulho, por não admitir     minhas imperfeições.   A vida aproveita todas as oportunidades em meu benefício, e o que aparenta ser um malefício pode trazer algo muito positivo, se eu buscar a razão  de minha atitude, qual a motivação   para eu ter agido assim.    Quando se trata de dinheiro, tenho  a crença de que não mereço a...

Não entendo

  Não entendo o que se passa comigo, fico triste quando tenho todos os motivos para estar alegre. Não entendo por que hesito em atravessar a porta, quando ela  me convida à aventura.    Não entendo qual a dificuldade  em me revelar se a dor da auto repressão é mais forte que a dor de ser eu mesma.   Sei que nem a vida nem ninguém  me deve nada, só não entendo  esse ressentimento que me assola. Reconheço o quanto a vida já me deu, mas não entendo por que continuo achando que merecia mais.    Não entendo o que me acontece quando não ajo como penso e contradigo o que sinto, por qual a razão não transformo  a consciência em atitude, por que não me comporto com coerência. Não entendo qual é o meu problema, qual a dificuldade  para a vontade acompanhar o intuito da mente, para que o não em mim é mais forte que o sim.    Acredito que na vida há mistérios imponderáveis, mas o que não entendo  é o que me impede de de...

Oração ativa

    A oração é o ato de se conectar com  o sagrado através da palavra. Ao orar,  eu estou invocando meu eu divino,  a partícula de Deus em mim. Através  da oração, Deus se manifesta em mim  e eu me torno um canal  de sua mensagem. Ao orar, me torno um com Deus.    A oração não é um ato passivo, é verbo,  e verbo é ação. Quem age na vida movido por Deus, converte  pensamento, sentimento e atitude   em oração. O sorriso sincero é uma oração.   Quando eu me entrego à vontade  e providência divinas, Deus fala através mim, pensa e age comigo, minha vida passa a ser uma oração.   A súplica, o clamor, o bramido são desnecessários, porque Deus  me conhece, sabe do necessito,  e é ciente das aptidões e habilidades  de que sou detentora, e que muitas vezes não as utilizo por ser mais fácil pedir.    Quando Jesus disse “pedis e obtereis” não estava agindo como um pai negligente que não dá ...

Se eu fosse você

  Se eu fosse você faria diferente, mudaria meu jeito de ser,  cuidaria mais de mim.    Se eu fosse você, não me levaria tão  a sério, daria mais atenção à família, mudaria minhas prioridades.   Se eu fosse você, faria o que nem eu mesmo consigo fazer, é fácil  se projetar no outro.     Se eu fosse você, teria que voltar  no tempo, fazer sua trajetória, passar   o que você passou, pelas suas derrotas, enfrentar os desafios que você enfrentou, conquistar suas vitórias.    Se eu fosse você, seria exatamente como você é, porque se fosse possível eu ser você, teria que deixar de ser eu. 

Orgulho e altivez

  É um erro se dizer que está orgulhoso pela vitória de alguém, mais adequado seria afirmar que está contente,  alegre ou feliz.     Orgulho não é uma qualidade,  é uma atitude de falsa superioridade,   de arrogância, prepotência e soberba.   O orgulhoso se dá muita importância,   não reconhece a qualidade dos outros.     É diferente da pessoa altiva, que sabe  do seu valor, que não se intimida, que é digna e honrada. O altivo tem brio,   é movido pelo senso de responsabilidade, dá o seu melhor.     O orgulhoso tem complexo  de inferioridade, não conhece o seu valor, é o inverso do altivo. O orgulho   é a distorção do brio, e para retornar   à qualidade original carece da humildade de reconhecer e acolher seu lado sombra, e de se apropriar de suas reais qualidades.